Ligia Nery


31/03/2015 | O Grito do Boi

Existem momentos inesquecíveis na carreira de coach em que temos a sensação de dúvida se mais ajudamos ou somos ajudados pelos clientes, tamanha a riqueza de algumas histórias de vida.

Você já se imaginou numa trajetória profissional crescente, e, em seu ápice, surge aquele convite de seus sonhos. Morar num lugar seguro para criar os filhos com qualidade de vida, um belo salário para relaxar e pensar no futuro, um desafio de trabalho saindo de uma rota de especialista para um posicionamento mais amplo de crescimento negocial. Enfim, aquilo que faz seu corpo vibrar. Tudo alinhado. Materializam- se a reciprocidade de expectativas e o início do desejo de pertencimento.

Chega então a etapa final, meio cinematográfica até. Um jatinho desce na cidade com um dos acionistas para buscá-lo e levá-lo para conhecer o local, a cidade, as operações, o futuro CEO indo em direção ao sonho.

O que mais de bom pode-se esperar?

É chegado o momento da visita à linha de produção, ao produto. O convite do acionista é: vamos começar, então, onde tudo começa!

Nosso executivo, um homem maduro, linear, firme em gestão, carreira sólida, oriundo do ambiente dos controles de números e negócios de grande monta, chega ao primeiro processo: depara-se com um rabino num ritual Shechita onde, após uma oração, faz a degola de um animal ainda vivo.

Esse preparo da carne, segundo o ritual kosher, é indispensável para a comercialização e a exportação dos produtos, aferindo a eles a qualidade assegurada de acordo com as leis do Torá.

Discutem também outras formas de abate, também o Halal, procedimento similar necessário ao consumo dos muçulmanos para exportação aos países islâmicos. Enfim, era um abatedouro de primeira linha, negócio rentável, em acionista, para o headhunter, sua família, amigos e para si mesmo aquela sensação maior de tudo o que invadiu seu corpo de forma inexplicável e se instalou como uma certeza: de que jamais conseguiria trabalhar ali.

Mesmo que ficasse trancado em sua sala, o grito do boi ultrapassava um limite nada linear, e todas as “perfeições” daquela proposta tinham desabado com um grito.

Pode um homem dar-se a este “direito”?

Esta história representa o símbolo do encontro com nossos limites, que, por mais “ridículos” e não lineares que possam parecer, precisam ser honrados.

Somos também aquilo que não queremos e que não desejamos suportar.

Quer saber o fim da história?

Ele agradeceu e declinou do emprego, enfrentou sua sensibilidade e hoje é um grande executivo.


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