Ligia Nery


21/07/2015 | Armas e almas digitais

A velocidade com que os processos de mudança hoje ocorrem trazem o bônus da descoberta, da melhoria de vida. Mas junto com esta experiência estamos sendo testemunhas de uma ansiedade paralela que insiste em nos acompanhar, deixando sempre a impressão de que estamos devendo algo ao universo, que não entendemos de tudo, que não podemos tudo. A mudança vem de forma exponencial, mas nosso pensamento é linear e esta conta não fecha.

Colocamos no bolso um equipamento de última geração e assim achamos que vamos conseguir transitar e nos conectar com este novo cenário. Essas passam a ser as armas digitais, que como todas as demais armas podem fazer o bem ou o mal.

Na verdade, todo esse cenário criado não foi feito por ninguém além de nós mesmos. O talento dessas gerações foi o gerador desse cenário do qual muitas vezes nos sentimos tão reféns.

A verdadeira transposição está posta como um desafio. Estamos precisando desenvolver almas digitais. Isto significa conseguir sair do mundo analógico para o mundo digital, mas mudando o paradigma relacional

Nesse desafio não falamos necessariamente de perdas, mas de algumas mudanças, falamos de novos olhares, de somar e não necessariamente subtrair.

Nesse novo cenário, que não é mais uma escolha, precisamos olhar para fora e aprender sem medo do novo, pois ele nos mostra a própria razão de viver.

Em contrapartida, muitas vezes é preciso diminuir o ruído, parar de fazer perguntas ou imaginar respostas, aquietar-se e deixar com que nossa alma e nosso corpo de forma intuitiva nos contem o que já sabem.

A convivência das gerações nas famílias, nas organizações parece cada vez mais desafiadora, mas ela sempre existiu, apenas com diferentes nuances. O momento da grande transformação da tecnologia também de alguma forma já foi vivido, como na Revolução Industrial, por exemplo.

O jovem que criticamos na empresa por ser tão diferente é igualzinho ao nosso filho que está em outra.

Assim também aquele chefe que não me entende é o pai ou mãe exatamente igual ao que ficou em casa. O estado reclamatório é o que não leva a lugar nenhum, precisamos parar de tentar achar vilões ou heróis, prestar atenção ao que está disponível e somar, despertar!

Gosto muito da frase que ouvi um dia desses: “Nós somos as pessoas pelas quais estávamos esperando”.

Por isso todo o contexto que nos rodeia é o kit completo e certamente vamos dar conta e crescer com isso.

Não adianta nem me procurar em outros timbres, em outros risos. Eu estava aqui o tempo todo. Só você não viu!
(Pitty)


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