Siga-me

Helena B. Juenemann

Sonhar faz parte da natureza humana. Os sonhos transbordam a alma de entusiasmo e oferecem à vida um sabor de esperança. A expectativa da concretização de um desejo, age como luz no final do túnel, iluminando os horizontes. Um sonho, mesmo que pareça impossível, vem invariavelmente investido de poderosa força e as viagens, desde sempre, tiveram prioridade em muitos devaneios.

Viajar passa uma imagem de magia, empoderamento e felicidade. Talvez, porque, evidencie a ideia de liberdade, férias, tempo sem compromissos encaixados em locais paradisíacos e noites estreladas ausentes de problemas. Desde sempre as viagens fascinaram e não há quem nunca tenha elegido um lugar e desejado visitá-lo ardentemente. As pessoas passam anos a fio imaginando e preparando a viagem dos sonhos, como se ela tivesse o pó mágico para curar feriadas, superar frustrações ou sanar mágoas. Além da ansiedade própria e natural nestas ocasiões, o que se encontra com maior frequência é uma vigorosa expectativa que turva a visão, confunde o cérebro e dificulta a constatação da realidade. Uma cena idolatrada na revista, quando não corresponde ao imaginado, ocasiona decepções e estraga na hora o passeio.

Parece bobagem, mas, ao longo dos roteiros, faz-se necessário dar o devido crédito à energia do lugar que pode vir ao encontro ou de encontro com a do passageiro.  Tem vezes que aquela cidadezinha pitoresca que tínhamos a certeza que nos tiraria o fôlego, nada nos faz sentir, passa desapercebida. Em contrapartida, quando menos se espera ou mesmo quando nem se pretendia visitar determinado lugar, a paisagem nos surpreende, o calor humano nos aquece e, embora o dia esteja nublado, tudo fica mais bonito.

Engana-se quem pensa que para viajar basta só pegar a mala e sair por aí. O planejamento e o comprometimento financeiro ajudam na organização, mas não garantem diversão, alegria e a felicidade no roteiro. Quando vive-se um relacionamento amoroso truncado, processo de luto, trabalho mal pago e sem motivação, ansiedade de separação, tanto dos filhos, como até mesmo do cachorro, quando a pessoa não está suficientemente pronta ou preparada para enfrentar e administrar as adversidades que surjam no decorrer do percurso, nenhum lugar será suficientemente belo e de pleno agrado.

A viagem dos sonhos, muitas vezes, não é a desejada. Mas aquela que, no espanto do inesperado e num justo equilíbrio emocional, surpreende a alma gravando memórias de plenitude e encantamento.