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Luiz Henrique Nuñez

O Inter manteve sua “regularidade” ontem. Mais uma vez entrou em campo mal escalado, mais uma vez rendeu muito pouco, mais uma vez obteve um resultado insatisfatório e mais uma vez deixou sua enorme torcida preocupada. Não vou discutir erros de escalação e posicionamento da equipe em campo. Temos comissão técnica e dirigentes no futebol que certamente devem estar fazendo a leitura do que ocorreu nesta primeira fase do campeonato gaúcho e buscando melhorar o desempenho dos jogadores e da equipe coletivamente para as fases decisivas que iniciam já no próximo final de semana.

Tem outras questões que estão me preocupando mais. Uma delas é o “recado” que é dado em muitas das entrevistas que ouvimos, em especial após os jogos, quando é preciso justificar uma atuação, que na maioria das vezes não tem sido boa. Ontem nosso treinador disse algo como “o Gauchão não é nossa prioridade este ano”. Claro que não é nosso principal objetivo, mas ao dizer isto pode parecer, ou ser interpretado por alguns, como sendo o regional um objetivo pouco importante. O que está em jogo é um heptacampeonato! Muito importante sim! Vence-lo é aumentar nossa rica história, é abalar nosso rival e também, dar maior confiança para o elenco iniciar a disputa da Série B (ou Série A, se o TAS reestabelecer a justiça). Perder o regional é elevar a pressão por mudanças, é ouvir críticas e por consequência, iniciar a disputa mais importante do ano com dúvidas e insegurança.

Ouço, e leio também, que o time está em construção. Evidentemente que sim, mas também parece haver falta de convicção em alguns momentos. Nico Lopez um dia joga 90 minutos, em outro fica sentado no banco com cara de poucos amigos durante toda a partida. Uendel é meia ou lateral? Paulão é o titular ou é hora de dar sequência, e experiência para o Ortiz? O Neris e o Klaus são alternativas ou contratações equivocadas? Só neste setor mudamos quase uma dezena de vezes a formação da dupla de zagueiros. Uma equipe em formação, salvo algumas dúvidas reais e testes, precisa de repetição. Caso contrário irá mesmo oscilar. Não é justificável Zago ter tido 65% de aproveitamento no Gauchão com o Juventude e 42% com o Inter. Três vitórias em onze jogos é muito pouco após quase três meses de Beira-Rio.

Falando em três meses de Beira-Rio, já está na hora de pararmos de citar o que ocorreu ano passado como sendo uma das razões para o fraco desempenho. Que o grupo ainda estaria abalado. Ora, são todos profissionais, passaram por férias, pré-temporada, temos nova comissão técnica, novos dirigentes, a volta do líder D’Alessandro e mais de 10 novos jogadores contratados. Foi terrível o que aconteceu, mas ficar lembrando do rebaixamento em nada ajudará para a retomada que precisamos.

O Internacional tem 4 competições este ano. Destas, 3 são muito importantes. O Hepta, a Copa do Brasil e o Brasileiro B. O calendário não está tão apertado assim como em outras ocasiões, quando tínhamos por exemplo uma Libertadores para disputar. Podemos, e devemos, buscar o melhor desempenho e o título em todas estas competições. Tenho certeza que este é o pensamento e o desejo de todos os colorados e dos nossos dirigentes. Precisamos de maiores convicções. É isto que devemos externar. Este é o “recado”que deve ser dado.

A Gestão que assumiu o clube parecia ter, durante a campanha eleitoral do ano passado, soluções para todos os problemas ocorridos em 2016. Ao se confrontarem com a realidade, parecem perceber que coisas não acontecem tão rápido e tão facilmente. Mas, ficar reportando o passado, mesmo recente, aumenta ainda mais o prazo de implementação das melhorias que precisamos, e prometemos aos nossos torcedores.