Vininha F. Carvalho
08/12/2010 | A “poluição social” representa um perigo para o turismo
O turismo é o setor econômico, que cada dia mais depende da natureza para sobreviver. A preocupação com o meio ambiente despertou o interesse de muitas pessoas conscientes, que reconhecem os recursos naturais como um bem finito e passivo de cuidados. A industrialização e a urbanização, trouxeram para a sociedade a poluição ambiental, que desencadeou uma série de discussões, para impedir que isto propiciasse a destruição do patrimônio natural. O grande perigo atual, é ver no turismo o remédio para todos os males que afligem os municípios e, desenvolve-lo sem um planejamento. A responsabilidade sobre a manutenção da qualidade ambiental dos destinos turísticos é de todos, inclusive do próprio turista.
O turismo responsável, é aquele capaz de respeitar as características dos destinos trabalhados, sem transformar as comunidades visitadas em satélites desgarrados da cultura urbana, é necessário impedir a destruição da beleza da paisagem, onde elas estão instaladas, ou a interferência no funcionamento dos ecossistemas ali existentes, do qual dependem fauna, flora, água e ar saudáveis. Os impactos ambientais mínimos precisam ser valorizados, mantendo-se distantes os complexos hoteleiros e pacotes de viagem não preservacionistas e, acima de tudo, é preciso investir na capacitação dos recursos humanos, ensinando a todos os envolvidos, a usufruir, sem destruir.
Em 1972, com a Conferência das Nações Unidas (ONU) para o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, na Suécia, que teve como objetivo principal mostrar ao mundo a gravidade da situação nesse setor, as questões ambientais ficaram ainda mais evidentes. Mais de 133 nações participaram da Conferência, onde a maioria eram países em desenvolvimento, incluindo o Brasil Nesta ocasião foi abordada a questão do subdesenvolvimento como uma das causas mais frequentes de poluição sendo, portanto, importante a criação de programas que ajudassem a diminuir a pobreza no mundo.
O meio ambiente serve como cenário para toda viagem que se pretenda fazer. O local deverá oferecer belas paisagens, incluindo a natureza em todas as suas ações, devendo ter como efeito do turismo a melhoria não só do nível de vida da população residente, como também uma harmoniosa convivência com os visitantes.
O mercado está exigindo cada vez mais das agências de viagem uma atitude ética, não só de dar conforto ao cliente, mas também de proporcionar ao turista uma proximidade com a população anfitriã. Embora seja o turismo um gerador de empregos e dinheiro novo, deve haver um comprometimento do turista com o local e um respeito mútuo entre as pessoas.
Diversos problemas, como a prostituição infantil, o desrespeito ao patrimônio cultural e natural nascem desta falta de relação afetiva maior com o núcleo receptor, já que após o tempo de permanência numa localidade, restam apenas fotos, lembranças e alguns souvenires. Pensando nestes aspectos, a OMT - Organização Mundial do Turismo lançou um código mundial de ética do turismo, que foi apresentado no Brasil durante o terceiro Fórum Internacional para Parlamentares e Administrações Locais, realizado no Rio de Janeiro. A preparação deste código teve início na assembleia geral da OMT, em Istambul em 1997 e foi aprovado por unanimidade, em Santiago do Chile em 1999. Trata-se de um projeto participativo, já que recebeu durante a sua feitura contribuições, de mais de 70 países, entidades de turismo e organizações não governamentais. O código tem dez artigos e contempla a contribuição do turismo para compreensão da preservação dos valores morais da sociedade, sendo o turismo considerado um instrumento de desenvolvimento individual e coletivo. Este foi um primeiro passo normatizador para a preparação dos turistas e do habitante local que irá recebê-lo.
O nativo precisa se conscientizar e atuar como um verdadeiro defensor do patrimônio de sua cidade, reconhecendo os benefícios econômicos, sociais e culturais, mas , compreendendo, também, os seus riscos. O turismo, como prevê o código, é muito mais do que “aumentar a ocupação dos hotéis e pousadas” ou “simplesmente lotar cidades de turistas”. È um instrumento institucional de autoeducação, de tolerância mútua e de aprendizagem das diferenças entre povos e culturas.
Considerando que os turistas e visitantes, de acordo com o artigo 13 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, devem ter acesso aos locais turísticos e culturais, sem exageradas formalidades, como é o caso do visto de entrada, que às vezes é outorgado, através de um verdadeiro ritual vexatório em função da imigração, ressalta-se que defender o cidadão é dever constitucional .Aflige-nos também a falta de projetos e continuidade das políticas de turismo no setor público.
Por meros desejos políticos, são admitidas pessoas, sem conhecimento técnico, permitindo que o turismo se transforme numa verdadeira “poluição social”, e não uma solução para a crise econômica. Governo e empresários tem investindo em projetos comunitários, mas é preciso que reflitamos sempre sobre o papel do turismo, como forma de amadurecimento do indivíduo, que deverá ser capaz de respeitar a outra comunidade, com seus valores culturais. È a construção do turismo, pela cidadania, é a ética no turismo. O ecoturismo precisa escrever uma história coerente, na qual a cultura local deve ser muito valorizada. Resta-nos saber se haverá tempo de disseminar os conceitos de turismo responsável, sustentável, ecológico ou como se queira chamar, antes de se acabarem os destinos com potencial para um trabalho sério. Antes de se matarem “as galinhas”, ignorando que seus ovos são de ouro.
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