Vininha F. Carvalho
18/07/2014 | Poluição difusa, a inimiga da qualidade de vida
Antes de pensar em quantificar as agressões ao meio ambiente, o principal desafio dos ambientalistas é fazer com que a sociedade polua cada vez menos a água. É preciso conscientizar as pessoas que quanto mais nos desenvolvemos, mais nos vemos dependentes deste recurso para todas as atividades humanas.
Trazer os rios para o foco das atenções da sociedade deveria ser objetivo de cada cidadão. Integrá-los, revitaliza-los e ampliar seu alcance, tem sido a preocupação de todos que promovem a educação ambiental.
A atitude correta proporcionará o estabelecimento de uma nova cultura referente às águas Separar água, saneamento e higiene em prioridades e atividades isoladas tem sido um erro fundamental.
Considerando que apenas 42% dos distritos brasileiros têm coleta de esgoto e somente 14% têm coleta e tratamento, é certo que nos próximos anos mais da metade dos municípios brasileiros podem ter problemas com a qualidade de vida e produtividade da água potável.
A maior parte do esgoto brasileiro não é tratada, quando muito, coletada, mesmo com as novas regras instituídas pela nova política nacional de resíduos sólidos. O destino desses dejetos são os rios, córregos, praias ou qualquer outra fonte de água natural mais próxima
Uma vez utilizada, a água deve ser coletada em uma rede de esgoto e tratada antes de ser descartada e atingir corpos d´água. Se isso não acontece, o esgoto polui esses corpos hídricos, que são os mesmos que abastecem outras comunidades
A poluição gerada pela chuva e que escoa para o rio é um dos grandes agravantes da situação de nossos rios.
A poluição difusa deteriora a qualidade da água e pode prejudicar os mananciais próximos aos centros urbanos, dificultando o tratamento da água para o abastecimento das populações.
Entre as principais fontes da chamada poluição difusa estão asfalto, restos de cimento e areia, combustível, óleo lubrificante, tinta e ferrugem, além de lixo não coletado e aqueles que são atirados nas ruas da cidade. Esses resíduos chegam aos rios urbanos trazidos pela chuva
Diversas medidas podem ser adotadas para minimizar o impacto desses poluentes e todas se relacionam com a gestão da bacia hidrográfica. Minimizar a área impermeável promovendo a infiltração no solo, é uma das medidas mais eficazes.
Além dela, é importante tratar a água proveniente das chamadas "primeiras chuvas", que corresponde à lavagem da cidade que ocorre no início da chuva. Reduzindo-se o volume escoado, reduz-se a carga poluidora.
É necessário reduzir o déficit de infraestrutura por meio de políticas que incentivem maiores investimentos nos setores relacionados à água. É essencial avançar no desenvolvimento e implementação de modelos de governança mais transparentes, de sistemas de gestão menos burocratizados e mecanismos de operação mais eficientes.
A responsabilidade do poder público é criar políticas para o controle da poluição difusa e a população, também, pode contribuir muito com a diminuição do lixo. A solução passa por uma dinâmica de gestão. Existem vários instrumentos e instituições que, articulados, podem levar a uma forma adequada de conduzir este processo. Existem soluções para grandes centros urbanos, pequenos grupos populacionais, áreas rurais e regiões secas ou úmidas, e até para os oceanos
Satélites internacionais têm detectado uma série de objetos flutuantes nas áreas onde são feitas as buscas do avião da Malaysia Airlines, que desapareceu no dia 8 de março de 2014 no trajeto entre Kuala Lumpur e Pequim com 239 pessoas a bordo. Há muito mais lixo do que se imaginava, esta poluição detectada no ambiente marinho reflete a grande falta de respeito com a água.
Os impactos ligados à presença do lixo no mar começaram a ser observados a partir da década de 1950. Um dos maiores problemas apontados pelos cientistas foi a substituição de materiais naturais pelos sintéticos - como o plástico - que resistem por mais tempo e se acumulam nos oceanos.
De acordo com um relatório apresentado pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Ambiente) em 2009, os plásticos compõem cerca de 80% do lixo coletado no mar.
Segundo dados levantados pelo Greenpeace em 2008, 80% do lixo do oceano vêm da terra e 20% em navios (cargueiros, pescas ou cruzeiros) ou plataformas.
Além disso, cerca de 100 milhões de toneladas de plástico são produzidas todo ano e aproximadamente 10% acabam no ambiente marinho.
Uma vez lá, as qualidades duradouras de plástico fazem com que o material permaneça no ecossistema ao longo de décadas, e como mais lixo se acumula, o cenário tende a ser extremamente negativo.
De acordo com o relatório da ONU intitulado “Lixo marinho: Um Desafio Global”, pouco se sabe sobre a extensão de lixo nos oceanos. “Esta deficiência, em combinação com a falta de legislação específica, de aplicação de lei adequada e de financiamento são as principais razões pelas quais o problema do lixo marinho está longe de ser resolvido", diz o artigo das Nações Unidas.
Sentir-se cidadão é agir como corresponsável pela gestão e o manejo consciente e solidário de nossos recurso hídricos.
Precisamos ter uma relação equilibrada com a água. A sociedade deve lutar pelas águas da mesma forma que um trabalhador reivindica salários e condições sociais mais justas. Tudo isso é uma questão de educação, e a sociedade não poderá ignorar o valor imensurável deste precioso líquido.
Conscientizar a sociedade sobre a importância vital da água e do saneamento, ressaltando que existem aqueles que ainda estão sem acesso a esse direito humano básico e serviços que deveriam estar disponíveis a todos, é defender o meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável.
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