Eduardo Fochesato


21/06/2013 | Pirata: to fora !!! (será ???)

Dias atrás topei-me inesperadamente com um colega de trabalho, já de idade e longa experiência na área, falando com outro colega sobre um assunto que nos é muito delicado: pirataria na informática, de onde ela vem, pra onde ela vai  e quais as suas consequências (não só a curto, como a longo prazo também).

Confesso que não entrei na conversa, que a certa altura parecia-me mais um embate entre o intrépido capitão “Jack Sparrow”, o pirata, ao vivo e a cores, saído direto das telas da Disney, e o próprio Capitão Nascimento,ativista ferrenho e corretíssimo “embaixador da legalidade” de Tropa de Elite, o que por si só já explica facilmente porque preferificar calado ao invés de bancar o corajoso (ou louco?) e entrar no meio da peleia.

Contudo não pude deixar de escutar o que eles falavam e, como já é de meu costume, analisar calmamente e filtrar o que me era proveitoso da história, afinal, você há de concordar comigo, num mundo de “ACTAS”, “PIPAS”, “SOPAS” e outras tantas siglas, conhecer os dois lados da moeda é de suma importância e, nessa altura dos acontecimentos, vem muito a calhar não é mesmo?

Interessante, saber que, se por um lado não parece, e não é, justo haver pessoas que, com o “jeitinho brasileiro” e esperteza, se apropriam de forma ilegítima do trabalho e/ou produto dos outros, prejudicando e, muitas vezes, dificultando a sobrevivência (pasmem!!!) alheia e continuidade do seu trabalho, por outro lado, existem pessoas contrárias ao autoritarismo e a exploração econômica indiscriminada e predadora, dispostas a levantar questões humanitárias básicas e fundamentais como o salário justo, o voluntariado, os direitos dos empregadores, os direitos dos consumidores, etc

Mais interessante ainda é saber que, muito embora, não só os “pirateadores”, bem como seus fiéis e contínuos consumidores saibam que enquanto um não tem a capacidade de atestar nem garantir os seus produtos e o outro pode, e na maioria das vezes vai, sair frustrado com quesitos como qualidade, durabilidade e eficiência, a questão além de polemica e controversa, esta longe de uma solução ao menos aparente e que por mais que governos mundiais gastem milhões em campanhas e propagandas conscientizadoras com frases do tipo “Pirataria é crime”, “Não se engane” e “Pirata: to fora!” , jamais deixarão de existir pessoas dispostas a vender seus produtos “fakes”, nem, tão pouco, pessoas querendo comprar esses mesmos produtos, até que as empresas, artistas, escritores, produtores e demais fornecedores, deixem de visar somente o imensurável lucro pessoal e procurem alternativas socioeconômicas mais exequíveis para ambos os lados.

Neste ponto, é claro que já começamos, ou somos obrigados,a entrar  em outro âmbito mais complexo da questão, o que leva-nos a discutir a problemática e engessadasituação burocrático-econômica do negócio, afinal, sendo eloquentes e, completamente imparciais, todos sabemos que  a pirataria, considerada por especialistas como o crime do século XXI, além de, como vimos, rebaixar a qualidade e excelência dos produtos e serviços oferecidos, bem como dificultar e até impossibilitar a melhoria dos mesmos, acarreta diretamente a perda de milhões, ou melhor, bilhões em impostos que, na teoria, seriam utilizados para evolução, suporte e crescimento da população, beneficiando todos na sociedade (até mesmo os piratas e seus clientes), além de provocar o cerceamento de centenas de milhares de empregos que tornam-se infactíveis e deixam de ser criados diariamente.

Por fim, na contramão disso tudo, antes que alguém ai me rotule como defensor do certo e legal (coisa que não sou), eu estou e fico incrédulo em acreditar que mesmo quem se opõe ferrenhamente a pirataria nunca tenha usado (ou use) algo que fosse rotulado como “pirata”, uma vez que, comprovadamente, como muitos de nós já sabemos, ser legal, definitiva e resumidamente, custa muito caro (somando-se ai além do valor do produto em si, a mão de obra, os direitos e os impostos, entre outros), a ponto de estar, hoje em dia, fora da realidade e, praticamente e inevitavelmente, concluo eu aqui, beirando até mesmo ao impensável e (porque não?) inviável.


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