Eduardo Fochesato
30/10/2013 | Infecção: vontade x risco
Mais uma manhã normal de inverno em Cachoeirinha… Eu estava indo para o trabalho… Lembro-me que era bem cedo, pra ser mais preciso, eram 06:00 horas, não mais… No termômetro, algo em torno dos 7 graus e eu no ônibus sentado, ao lado da janela embaçada, quase pegando no sono…
Devíamos ter passado por umas três paradas quando uma senhora entrou e sentou-se atrás de mim, exatamente no banco subsequente ao meu. Até ai tudo bem, lógico… O problema se deu porque eu, como sempre fora ensinado por minha mãe, mantive a janela onde estava entreaberta, a fim de entrar um pouco de ar e fazer o ar interno circular, afinal, éramos várias pessoas num mesmo local e quem em sã consciência iria querer “compartilhar” vírus dos outros? Quem digo eu?
Justamente o que vocês pensaram agora… a tal senhora só não quis, como a primeira coisa que fez foi fechar a janela (ou devia dizer cerrar?) ao meu lado. Bom, não preciso nem falar que tentei inúmeras vezes reabrir a mesma, entreabrindo em distâncias diferentes para talvez entrarmos em um acordo, mas nem assim comovi a dita, que fechou a janela todas as vezes de maneira mais forte e convicta, até que eu, tentando manter o resto de civilidade que restava em mim, deixei como estava e fechei os olhos tentando relaxar um pouco e esquecer tudo (Cadê o sono nessas horas?)…
Como sempre faço, quase por impulso, fiquei calmamente pensando um pouco mais na situação, refletindo e tentando entender porque a distinta senhora preferia correr o risco de dividir uma gripe com alguém (como aconteceu!) e acabar adoecendo à passar um “pouco” de frio até o fim da viagem…
Na informática a gente se depara sem se dar conta com situações muito semelhantes a essa, afinal, se você não for um usuário de Linux ou de Mac OS (muito embora ainda tenha minhas dúvidas!!!), você estará diariamente e, porque não dizer, a cada minuto ou segundo, correndo um sério risco de infectar sua máquina com um ou mais vírus, compartilhar com os outros e, ainda pior, não ficar nem sabendo disso.
Pois é caro leitor, desde que, como me contou um ex-professor à muitos anos atrás, um cidadão americano resolveu criar um código malicioso que infectava disquetes e computadores e depois começou a vender um sistema capaz de “matar” o dito código, até os dias de hoje, cada vez mais um número maior de pragas virtuais e vírus são criados (aproximadamente algo em torno de 300 por dia!!!) e técnicas de disseminação mais perspicazes são elaboradas e postas em práticas por seus inventores: desde fotos de nus até links para notícias bombásticas, passando por programas miraculosos. Tudo é usado a fim de iludir o usuário para instigar que ele clique e inicie “sem saber” a infecção.
Você, caro leitor, deve ter reparado que coloquei o “sem saber” entre aspas e, vou dizer, foi proposital! Pense agora comigo, você escuta e recebe diariamente informações alertando de algumas boas práticas a fim de evitar contaminações desnecessárias, seja por telefone, e-mail ou até pelo habitual boca-a-boca: “não abra executáveis”, ”cuidado com links de noticias mirabolantes” ou ”não acredite em promessas de prêmios do nada”, entre outras frases típicas nesse nosso mundinho de TI…
Estou mentindo? Claro que não né? Eu mesmo, quando trabalhava com suporte (sim, eu já estive do outro lado da força! Risos…), muitas vezes passei essa informação a frente, a inúmeros e diferentes usuários…
Enfim… E o que eles (sua maioria!) faziam quando recebiam aquele e-mail do tipo “veja_fulana_novinha_nua.exe” ??? Isso mesmo… Ainda que sentissem receio e receio (usei os dois para ficar mais apavorante mesmo!) do que poderia acontecer se abrissem-no e, antes disso, já tivessem a instrução de que isso era, certamente, um vírus e que, portanto, não deveria ser aberto em hipótese nenhuma, a vontade de ver a dita fulana nua era muito maior que qualquer risco envolvido e falava mais alto até mesmo que a própria razão e… Bom o resto vocês já sabem não é mesmo? ( Resuminho rápido: “Computador infectado, usuário triste e técnico ralado!”)
É meu caro leitor, já escrevi demais eu sei, então vou encerrar, me despedir e deixar, por hora (subentenda-se até a parte II), pra você aqui a sempre difícil mas necessária tarefa de refletir e chegar a uma conclusão sobre tudo isso que expus aqui…
Ah, mais uma coisa, antes que alguém pergunte ou eu mesmo me esqueça, no final das contas, a “querida” senhora do começo da nossa história me custou uma estrondosa gripe, além de uma galopante febre, um final de semana inteirinho de cama e, por fim, mas não menos importante, muitas doses de remédios…
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