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Espaço do leitor

Por Luiz Francisco Schmidt
e-mail: lfcs66@gmail.com

Na correria rotineira em que vivemos, não há nada que irrite mais os motoristas do que alguém dirigindo numa velocidade menor do que o fluxo do tráfego. Isto ocorre em qualquer parte do mundo. Não é exclusividade da minha ou da sua cidade.

Agora, imagine-se com pressa atrás de um motorista falando ou enviando “torpedos” no celular enquanto dirige. Naturalmente acabam diminuindo a velocidade ou perdendo uma troca de sinal por estar com a atenção voltada para o celular. Pior ainda é quando isto é feito legalmente.

Por motivos profissionais, moro em Miami, nos Estados Unidos. Aqui é perfeitamente legal utilizar o telefone celular enquanto dirigindo um automóvel. Clássico exemplo do lobby da indústria de telefonia móvel celular, que acompanha o das fábricas de motocicletas (o uso de capacete não é obrigatório na Florida).

Para quem não conhece, Miami é uma cidade com 5.040 km² onde vivem 2,5 milhões de pessoas (495 habitantes/km²). Porto Alegre, em comparação, possui 496 km² e uma população de 1,4 milhões de habitantes (2.837 hab/km²). Portanto, Miami é uma cidade 5 vezes maior do que Porto Alegre e com densidade populacional 5 vezes menor. Isto torna as distâncias grandes e difíceis de serem alcançadas com transporte coletivo. É imperativo que cada um tenha o seu automóvel.

Por absoluta necessidade, pessoas que não tem a mínima aptidão ou até mesmo vontade de dirigir, obrigam-se a obter a tão cobiçada driver’s license e comprar um carro.

Voltando ao celular, esta mesma pessoa que não tem aptidão para dirigir, adora e “precisa” falar ao telefone enquanto dirige. Tudo legalmente.

Com a mão ocupada segurando o celular (é bem verdade que os carros na maioria são automáticos), fica impossível ligar o pisca-pisca para trocar de pista ou fazer uma conversão. Então, acabou caindo em desuso. Ninguém mais liga. Nem mesmo a polícia (que muitas vezes também está no celular).

Observe que nem mencionei os inúmeros acidentes causados por estes motoristas.

Então, meus amigos, quando vocês estiverem parados no trânsito de Porto Alegre, lembrem-se que poderia ser muito pior se o celular fosse liberado.