Espaço do leitor
28/11/2012 | O Mal Contemporâneo - A Depressão
*Domício Brasiliense
Enquanto síndrome clínica, a depressão consiste em rebaixamento do humor, perda de interesse ou prazer, dificuldade no pensamento ou na concentração, queixas de fadiga ou perda de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa e demais sintomas que denotam um distanciamento da propulsão da vida.
Distanciamento: expressão digna em relação ao nosso sentimento oculto. Desde crianças buscamos proximidades, com o intuito de preencher espaços vazios. Ora porque dependíamos do mundo adulto para nos alimentarmos, sermos tratados e termos carinhos. Mais tarde, porque precisávamos da aceitação, por isto a turma de amigos, os colegas de escola. Hoje, porque necessitamos do reconhecimento alheio, tanto por parte dos amigos, amores, colegas ou familiares. Contudo, o relevante é que durante toda a nossa existência buscamos o autoconhecimento, reconhecimento e felicidade; preencher as lacunas do distanciamento.
Mas, parece que o final de ano, com a proximidade do Natal e o fechamento de um calendário com o prenúncio de outro, aumenta o distanciamento que sentimos em relação à felicidade, como se estivéssemos prestes a cair fundo na fenda de um eu equivocado.
Como seres humanos, buscamos a satisfação durante nossa existência, não obstante, estamos sempre insatisfeitos. De um lado, buscar satisfações é um pré-requisito para a realização, de outro nunca estar satisfeito pode ser a porta de entrada para uma peça escura, repleta de energias de culpa, remorso, mágoa e sentimento de não pertencimento às coisas boas da vida: a depressão. Esta traz consigo a mensagem de que precisamos nos conhecer mais, identificando os porquês da nossa personalidade, entendendo a forma como sentimos as coisas a nossa volta.
Ainda assim, não podemos deixar de pensar na sociedade contemporânea e no que ela traz para o homem, enquanto ser buscador de satisfações. Evoluímos tecnologicamente, usufruindo de maior conforto, comunicação e recursos que viabilizam com maior qualidade e fluidez as nossas vidas. Quebramos muitos preconceitos, na tentativa de libertar-nos de amarras que nos entristeciam. Entendemos mais o homem e suas vicissitudes, tanto filosófica quanto psicanaliticamente.
Em contrapartida, com tanta evolução, nunca falamos e tratamos tanto da depressão, por quê? Porque vivemos num mundo de consumo, onde o capital é o que sustenta o sistema. Os modismos, que nos levam a compulsão pelo comprar, valores sociais que mudam constantemente oscilando com a estrutura familiar e educacional, etc., tudo nos conduzindo ao preenchimento dos espaços vazios dentro de cada um de nós. São eles: a solidão, a falta de amor, a frustração com o que somos e nos tornamos – enfim, o sentimento de não pertencimento.
Precisamos nos aproximar de nós mesmos: do que somos e temos hoje, buscando descobrir o que realmente desejamos para nossas vidas. Urge repensarmos a nossa forma de viver, libertando-nos das amarras com que fomos aprisionados. Através dessa compreensão teremos condições de redirecionamento, em concordância com o que realmente somos. Enquanto seres movidos pelo desejo interno do como ser e estar nesta vida, estaremos atuando em concordância com o que nossa alma necessita, libertando-nos do aprisionamento irrestrito nas expectativas das pessoas e de uma sociedade de consumo.
Precisamos Ser e Estar, aqui, agora, apropriando-nos de quem realmente somos e desejamos!
- Doutorando em Psicanálise, Educação e Saúde, Pós-Graduado em Psicologia Transpessoal pela Associação Luso Brasileira de Transpessoal – ALUBRAT/RS. Especialista em Terapia Familiar e de Casal e Graduado em Pedagogia pela FAPA/RS – Faculdade Porto-Alegrense de Educação Ciências e Letras. Psicoterapeuta Transpessoal, autor do livro O Encontro de Eus – Um caminho...Uma vida diferente.
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