Espaço do leitor
21/06/2013 | A Copa das Manifestações - Outono federado.
* por João Eduardo Reymunde é sociólogo e professor
joaoeduardoreymunde@hotmail.com
A exemplo da primavera árabe, o povo brasileiro acordou e resolveu manifestar-se contra tudo que está nos incomodando, a respeito do título, além de ser a época do ano, vale dizer que estamos em plena Copa das Confederações que antecipa a Copa do Mundo do ano que vem (2014). Porém o significado federado, também vale para lembrar que este movimento foi realizado ao mesmo tempo em várias áreas da Federação Brasileira.
Em primeira analise, o que os jovens “rede sociais” estão se rebelando é contra o aumento de tarifa de ônibus (concessão pública), seja por centavos ou mesmo por um serviço de melhor qualidade.
Quanto à tarifa, poderíamos dizer que eles estão rebelados contra algo que em sua maioria nunca conheceram pessoalmente antes, a inflação, porém algo bem conhecido aos brasileiros com mais de 40 anos.
À volta ou a possibilidade da volta da inflação é algo assustador para quem a conheceu, pois qualquer política social será drasticamente afetada para priorizar a estabilidade econômica.
A nova classe média emergente, mãe e pai de muitos desses jovens, experimentaram uma sensação de maior poder aquisitivo, que agora cobra a conta dos bens adquiridos em várias formas de crédito exageradamente facilitado.
Porém, a tarifa de ônibus é meramente simbólica, cabe uma tradução e entendimento do que realmente é a causa da rebeldia manifestada nas passeatas, não são os poucos centavos que realmente incomodam os estudantes e sim um descontentamento geral, uma desilusão da estrutura política e social.
A grande desilusão vem com uma falta de esperança e quase nenhuma expectativa de mudança, os partidos políticos sejam de esquerda, centro ou direita, não conseguem dar resposta a essas expectativas e anseios juvenis, bem pelo contrário.
Escândalos, corrupção e uma sistemática falta de assistência (saúde, educação, segurança, etc.), além de uma inversão de valores, sejam valores morais e econômicos se sobrepõe as reais necessidades populares.
Bilhões de reais para construções de estádios de futebol, verbas milionárias para partidos políticos, enquanto há filas intermináveis para atendimento a saúde, aumento de impostos que crucificam os trabalhadores, falta de habitações dignas e uma educação precária, com salário de professores ridicularizados e uma estrutura irrisória, faz de nós, um povo em que somente nos é oferecido pão e circo.
Mas a juventude não aceita mais essa relação, a livre informação disponível através das redes sociais, mesmo que de uma forma não totalmente consciente, faz dos nossos jovens rebeldes, verdadeiros cidadãos, exercendo seu pleno direito a cidadania e experimentando e ensinando outra forma democrática de participação, até hoje desconhecida na prática neste nosso Brasil, viva a verdadeira participação democrática!
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