Espaço do leitor
22/09/2011 | CICLOS ECONÔMICOS
Autor: Francisco Carlos Bragança de Souza
Conselheiro da SERGS - Sociedade de Engenharia do RGS
1 RECONVERSÃO ECONOMICA
A intervenção na economia pelo governo, utilizando recursos disponíveis sem descaracterizar seus fundamentos, para adaptá-los a outros fins é a explicação que se pode dar para a política econômica de Getúlio Vargas.
Para compreender a importância da Reconversão Econômica do Brasil, praticada por Getúlio e abandonada nos dias atuais, não é demais recordar os principais ciclos da economia brasileira para identificar as inúmeras oportunidades desperdiçadas para transformar o Brasil numa nação desenvolvida.
Excetuando o período de Getúlio, continuamos deitados, nem sempre, em berço esplêndido esperando o maná cair do céu.
Existia Pau Brasil, Ouro, Açúcar, Borracha e Café quando o Getúlio inicia a intervenção do Estado na Economia. Dessa ação resulta a fase de maior desenvolvimento nacional. Seguem os ciclos da Soja, do Ferro e da Pecuária da Amazônia, que demonstram o retorno ao desperdício de recursos, à imprevidência, a insensatez.
Collor determina a falência do Projeto Desenvolvimentista de Getúlio como motor de crescimento. A partir de então, observa-se uma crescente abertura comercial e privatizações no governo Fernando Henrique. O resultado desta "invenção" foi o que parou o Brasil.
O Brasil, um pais prodigioso, nutriu-se de vários ciclos de prosperidade e oportunidades para preparar um desenvolvimento sustentável, contudo o imediatismo por vezes, a imprevidência outras vezes, a insensatez quase sempre, tem comprometido um desenvolvimento sustentável.
Nós os autênticos trabalhistas precisamos manter vivas as ideologias de governo desenvolvimentista e governo nacionalista, pois outros ciclos de prosperidade estão sendo sinalizados para o Brasil, com a cana-de-açúcar para a produção de álcool, o pré-sal e o Aquífero Guarani.
A. CICLO DO PAU-BRASIL 1500
A primeira riqueza explorada no Brasil, pelo europeu em terras brasileiras, foi o pau Brasil, árvore que existia em abundância no litoral. Devido ao abandono em que os Portugueses deixaram o Brasil, os olhos da Europa se viraram para a exploração do pau Brasil. Todo o interesse comercial se prendeu a extração de um corante para tecidos e a fabricação de violinos.
Demorou mas, o rei de Portugal declarou a exportação como um monopólio da coroa portuguesa. Contudo, os franceses que não reconheciam a legitimidade do Tratado de Tordesilhas, continuaram a extrair o pau-brasil sem pagar qualquer tributo à Portugal.
Para a extração do pau-brasil, era essencial a participação dos índios. As tripulações não dariam conta da derrubada das arvores (com até um metro de diâmetro e 10 a 15 metros de altura), cortá-las em pequenas toras e transportá-las até os barcos. Os índios recebiam em troca algumas quinquilharias.
Por ser uma exploração predatória era uma atividade nômade, que se deslocava pelo litoral na medida em que as árvores acabavam. Com o resultado da extração indiscriminada, o pau-brasil se esgotou e passou a não ter mais valor econômico, deixando para traz a destruição de grande parte da Mata Atlântica.
B. CICLO DO AÇÚCAR - 1532
Em 1532, se deu o início de nova era na colonização. Portugal iniciou organizar a empresa açucareira no Brasil. Portugal possuía uma grande experiência no cultivo da cana, na produção e comércio do açúcar uma vez que nos Açores, ilha da Madeira e Cabo Verde, já produziam para o abastecimento da Metrópole, da Inglaterra e cidades da Itália. Quanto aos equipamentos, Portugal também tinha uma grande experiência, tanto que no Brasil foi proibida a produção de equipamentos para a produção de açúcar. Aos poucos a colônia foi se transformando em fonte de lucro, proporcionando riquezas para seus produtores.
Dois eram os fatores de produção principais do ciclo do açúcar: as grandes propriedades e mão de obra escrava. O aproveitamento da terra era feito até o terreno se esgotar, quando a produção era deslocada para outro local. Até o começo do século XVII a produção não parou de crescer.
Em 1580, Portugal passou para o domínio da Espanha que entrou em guerra com a Holanda, desorganizando o mercado e a produção entrando em declínio. Findou assim, o Ciclo da Cana de Açúcar e a colônia inicia sua estagnação.
C. CICLO DO OURO - 1693
Numa primeira fase a exploração se deslocava, atrás do ouro aluvial. A descoberta do ouro atraiu muitos aventureiros e, com isso, eram raros os dias em que não se via um crime acontecer. A região fascinava os sonhadores na procura de riqueza imediata. Com o esgotamento desse processo em 1720, o ouro passou a ser explorado nas montanhas o que exigia recursos mais sofisticados.
Entre 1700 e 1770, a produção de ouro no brasileiro alcançou cerca de 50% do que o resto do mundo extraiu. Contudo, o Brasil continuou pobre, as pessoas é que enriqueceram. Portugal com a cobrança do "Quinto" em qualquer Lavra, em 1699 recebeu 725 quilos de ouro, e em 1703 recebeu 4.350 quilos. De todo esse ouro, a maior parte ia para o tesouro britânico como pagamento da proteção inglesa e das dívidas sobre produtos manufaturados que importava. O resultado é que o déficit da balança comercial de Portugal fez com que o ouro terminasse na Inglaterra que financiou com o ouro extraído no Brasil a Revolução Industrial do século XVIII.
D. CICLO DA BORRACHA -1866
Charles Goodyear descobriu o processo de vulcanização do látex, sendo possível a fabricação de pneumáticos para a indústria automobilística - até então os carros utilizavam rodas de madeira. Em 1870, o pneu de borracha torna-se sensação na Europa e nos Estados Unidos: a demanda crescia vorazmente e a oferta crescia timidamente, gerando um rápido aumento na cotação internacional do látex.
Na época, o único local de existência da árvore era em toda a Amazônia. Fazendas silvicultoras, voltadas à extração de látex proliferaram. Homens simples transformaram-se em barões da borracha, concentrando renda e relegando sua mão-de-obra à miséria e a condições análogas à escravidão.
Na pauta de exportações brasileiras a borracha chegou a representar 40%, possuindo a mesma parcela de participação que o café durante o ciclo do café. A renda per capta de Belém e de Manaus chegou a ser uma das mais altas do planeta. Os lucros eram destinados principalmente às mãos dos empresários do setor financeiro. As duas cidades passaram por profundas reformas urbanas, frutificando imensos projetos urbanísticos incluindo grandeza e opulentas obras como o Theatro da Paz (Belém), o Teatro Amazonas (Manaus), suntuosos palácios, boulevards e imensas avenidas.
O Ciclo da Borracha é também conhecido na Amazônia como a Belle Époque e foi uma época de ostentação e fausto, porém começou a ruir com as bruscas quedas na cotação internacional da borracha, graças a ampliação em demasia da oferta de látex, propiciada pela biopirataria de milhares de seringueiras ao Oriente; emigração de famílias capitalizadas e a I Guerra Mundial. Porém, o fator determinante para seu ocaso foi a pouca diversificação da economia amazônica, já que acreditavam que os altíssimos lucros da borracha seriam eternos. A renda per capita de Belém do Pará caiu quase cinco vezes de 1910 a 1920. Com o fim do ciclo, houve saqueamentos, suicídios, emigração em massa, abandono de casarões, sucateamento (1800 a 1930).
E. CICLO DO CAFÉ -1900
O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde o início do século XIX até a década de 1930. Foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. A economia cafeeira em São Paulo foi o grande motor da economia brasileira até a década de 1920. O Brasil detinha o controle sobre grande parte da oferta mundial desse produto e controlava o preço internacional, obtendo assim lucros elevados.
Segundo Celso Furtado, o Brasil sendo abundante em terras e mão-de-obra subempregada, incentivava novas inversões no setor, elevando a oferta de café a ser exportado; por outro lado, a demanda mundial era inelástica em relação ao preço ou à renda dos consumidores, isto é, o seu crescimento dependia do crescimento populacional dos países consumidores. Assim, crescia a oferta acima da demanda e os preços começaram a baixar.
A partir de 1906, o governo comprava o excedente da produção de café, por meio de empréstimos externos financiados por tributos cobrados sobre a exportação do próprio café. Tal política ajudou a sustentar os preços internacionais do produto e a renda dos exportadores, mas com a crise internacional de 1929 houve redução do consumo de café reduzindo os preços. Ademais, o governo não tinha onde fazer empréstimos devido ao colapso do mercado financeiro internacional.
Todavia, o governo não poderia deixar os produtores de café vulneráveis aos efeitos da grande crise. Por isso, com Getúlio, o Estado passou a desempenhar um papel ativo na economia nacional.
2 INDUSTRIALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTISMO (1945-1964)
O chamado nacional-desenvolvimentismo foi a corrente econômica que prevaleceu nos anos 1950, do segundo governo de Getúlio Vargas até o Regime Militar, valendo-se de políticas econômicas desenvolvimentistas desde a década de 30.
O Brasil desenvolveu grande parte de sua infraestrutura e alcançou elevadas taxas de crescimento econômico graças à concepção econômica do Governo Vargas.
3 MILAGRE ECONÔMICO (1969-1973)
Entre 1929 e 1973, o Brasil viveu o chamado Milagre Econômico, quando um crescimento acelerado da indústria gerou empregos não qualificados e ampliou a concentração de renda. Em paralelo, comprometeu o futuro do País com financiamentos sem retorno.
A. CICLO DA SOJA -1970
Desde a década de 1970, o novo produto que impulsionou a economia de exportação foi a soja, introduzida a partir de sementes trazidas da Ásia e dos Estados Unidos. O modelo adotado para o plantio de soja foi à monocultura extensiva e mecanizada, provocando desemprego no campo e alta lucratividade para um novo setor chamado de "agronegócio".
O crescimento da cultura da soja se deu à custa da "expansão da fronteira agrícola" na direção da Amazônia, o que por sua vez vem provocando desmatamentos em larga escala.
A crise da agricultura familiar e o desalojamento em massa de lavradores ocasionaram o surgimento dos movimentos de sem-terra (MST, MTL, Via Campesina).
B. MINÉRIO DE FERRO - 1996
O Brasil possui a quinta maior reserva de minério de ferro do mundo, apresenta o maior teor de ferro (60%) e é o maior produtor de Mundial de Minério de Ferro pelo critério de conteúdo de ferro no minério. A Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, privatizada em maio de 1997, é a maior produtora e exportadora mundial de minério de ferro. O minério de ferro apresenta grande importância para a balança comercial brasileira, visto ser o maior item da pauta de exportações do país, após os produtos siderúrgicos. As exportações de minério de ferro atingiram US$ 2,7 bilhões em 1996, cerca de 5,7% do total exportado pelo Brasil no valor de US$ 47 bilhões.
Em 2009, em decorrência da crise financeira internacional, as vendas externas de minério de ferro caíram 42,7% em maio na comparação com abril e a queda nos preços foi de 12,2% .
Repete-se a mesma situação ocorrida com o café. O que se lastima é a ausência de um líder como Getúlio para repetir o que fez a partir da crise do café.
C. PECUÁRIA - 2007
A investigação do Greenpeace mostra que o governo brasileiro quer dominar o mercado global de produtos pecuários em geral e dobrar a participação brasileira no mercado internacional de carne até 2018. Para auxiliar a expansão do setor, o governo federal está investindo em todos os elos da cadeia de abastecimento - desde a produção nas fazendas até o mercado internacional.
Entre 2007 e 2009, as cinco maiores empresas da indústria pecuária brasileira, responsáveis por mais de 50% das exportações de carne do país, receberam US$ 2,65 bilhões do BNDES. Os três frigoríficos que receberam a maior parte do investimento público foram a Bertin, uma das maiores comercializadoras de couro do mundo; a JBS, a maior comercializadora de carne, com controle de pelo menos 10% da produção global; e a Marfrig, a quarta maior comercializadora de carne do planeta. "Está se cumprindo a profecia do General Garrastazu Médici, que dizia que a Amazônia seria ocupada pela pata do boi", disse Paulo Adário, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace.
O Greenpeace revela que a pecuária brasileira é hoje o maior vetor de desmatamento no mundo e a principal fonte de emissões de gases do efeito-estufa do Brasil. A expansão da pecuária no Brasil está concentrada na Amazônia. A frágil presença do Estado na região significa, na prática, terra e mão-de-obra baratas. O resultado é que a pecuária ocupa, atualmente cerca de 80% de todas as áreas desmatadas na Amazônia. O país é o quarto maior emissor mundial de gases do efeito estufa, principalmente por causa da destruição da floresta.
INDAGAÇÕES
Independente de outros problemas determinados pela má gestão dos recursos naturais do Brasil, pergunta-se:
Qual o ganho nacional com as fabulosas receitas com a soja, o ferro e a pecuária da Amazônia?
Estão corretos os estímulos governamentais para estimular o extrativismo e o setor primário, em detrimento da indústria moderna?
Esta correto o consumo imediato de quem pode mais e a indiferença com a população e o futuro da nação?
4 PRÉ-SAL: UMA GRANDE OPORTUNIDADE
Os recursos do pré-sal constituem enorme oportunidade para a economia brasileira. Como mostra a experiência de vários países ricos em petróleo, nem sempre a fartura do ouro negro conduz ao desenvolvimento econômico e social. Saber bem explorá-los e aproveitá-los é essencial para garantir maiores avanços nos campos econômicos e sociais.
Foi inaugurado em 1º de maio de 2009, o primeiro poço de exploração de pré-sal, o Tupi. É um marco na história da Petrobras e na indústria mundial de petróleo e gás, podendo ser chamado de um grande ciclo econômico. A operação foi realizada pelo consórcio formado pela Petrobras (65% - Operadora), BG Group (25%) e Galp (10%), para a exploração do bloco BM-S-11, onde fica o Tupi e dará continuidade às atividades e investimentos previstos no Plano de Avaliação aprovado pela AMP (Agência Nacional do Petróleo) e que prevê a perfuração de outros poços na área.
A diferença do pré-sal é o reservatório que contém o petróleo. Nos reservatórios convencionais, o petróleo se forma numa acumulação de detritos orgânicos no fundo do mar, como uma rocha geradora, onde os detritos são transformados em petróleo. Durante milhões de anos esses detritos são fermentados e, quando o petróleo amadurece, a temperatura e a pressão interna aumentam e a rocha geradora se rompe, fazendo com que o petróleo migre para a superfície do terreno. Se no caminho ele encontra uma rocha que o armazene forma-se um reservatório convencional. Contudo, se no caminho não tem uma rocha armazenadora o petróleo se perde.
No caso do pré-sal os detritos orgânicos se armazenaram no fundo do Mar, mas a rocha geradora não se rompeu porque uma camada de sal, de cerca de 2 km de espessura, se depositou sobre ela e a protege mecanicamente. Assim, não há perda de petróleo.
O petróleo do pré-sal é extraído da mesma forma que em outros reservatórios, com alguns recursos a mais por se tratar de grande lâmina de água (2,2 km) e grande profundidade de terreno (3 a 5 km), inclusive atravessando uma camada de sal de 2 km.
A Petrobrás estudou esse tipo de reservatório por mais de 30 anos, contudo as sondagens eram dificultadas pela camada de sal. Novas técnicas permitiram os levantamentos. A Petrobrás perfurou no pré-sal porque acreditou que lá poderia estar uma nova fronteira exploratória, e acertou. Isto depois de procurar óleo por mais de quatro décadas em todo o Brasil. Os furos feitos no pré-sal tiveram praticamente 100% de acerto. Quase não há riscos no pré-sal, o petróleo está lá - basta furar.
O primeiro poço custou US$ 260 milhões devido às dificuldades impostas pela camada de sal e não fosse a ousadia da Petrobrás, o pré-sal não teria jamais sido descoberto. Empresas estrangeiras estiveram com o controle da área por 13 anos durante a vigência dos contratos de risco e não a exploraram. Esse poço está produzindo cerca de 15.000 barris por dia desde 1/5/2009.
Os investimentos da Petrobrás para perfurações de poços de petróleo são de risco. "Para cada descoberta, dez poços são perfurados. Ou seja, há um risco de 90%", explicou o geólogo Guilherme Estrella, diretor de Exploração e Produção da Petrobrás. "Depois, empresas internacionais que não correram o risco se beneficiam do nosso investimento", argumentou durante palestra no plenário do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. De acordo com Estrella, de toda a produção nacional de petróleo, 80% estão nas mãos dos concessionários, ainda que o subsolo pertença à União. Para ele, o óleo produzido deve ser de propriedade da União, para que o governo faça o planejamento estratégico da produção e da capacitação energética nacional. "O petróleo faz parte de um patrimônio natural brasileiro", disse. "Com o mercado aberto, as empresas internacionais ficam com a maior fatia do negócio, tudo porque tem mais capacidade de investimento....".
O pré-sal inicia em Santa Catarina e vai até o Espírito Santo, com chances de chegar até Alagoas e tem uma reserva estimada em 90 bilhões de barris. Assim, estamos falando de uma riqueza, nas perspectivas mais pessimistas, em torno de 5 trilhões de dólares, podem valer o dobro e até mesmo o triplo. Tamanha riqueza, aplicada no País a favor do povo brasileiro, poderá erradicar muitos problemas financeiros, econômicos e sociais.
Os Estados Unidos da América tem reservas de apenas 29 bilhões de barris e consome cerca de 10 bilhões por ano. No Mundo a situação também é crítica porque a produção mundial esta chegando ao máximo. Por isto, os EUA invadiram o Iraque e o Afeganistão em busca de petróleo, tendo gastado mais de US$ 3 trilhões até agora. Com a descoberta no Brasil do pré-sal foi reativada a 4ª frota sob a desculpa de "proteger o Atlântico Sul". Outro ponto preocupante é o cartel internacional das sete irmãs. Elas já detiveram cerca de 90% das reservas mundiais e agora só detêm cerca de 3%. Nessa condição, elas só têm 5 anos de vida sem novas reservas. Assim, junto com os EUA formam um lobby pesado para manter a legislação entreguista deixada por Fernando Henrique que lhes é altamente favorável.
4.1 Futuro promissor
O Projeto-Piloto de Tupi começará a produzir no final de 2010 quando a plataforma conectada a oito poços e terá capacidade de produzir 100 mil barris de petróleo por dia. e a partir de 2017, mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia, com tendência de crescimento no futuro.
4.2 Problemas do atual marco regulatório
Durante o governo FHC, os liberais quebraram o monopólio da União sobre as jazidas de petróleo, criaram o modelo de concessão e a AMP (Agência Nacional do Petróleo), entregou o nosso petróleo para empresas privadas mediante leilões.
Além disso, colocaram à venda na bolsa de Nova York e de São Paulo ações da Petrobrás, privatizando parte de uma empresa construída pelo povo brasileiro de modo que, atualmente, 62% do total de ações são do capital privado nacional e internacional. (Seria recomendável investigar o lado privado da Petrobrás).
4.3 Nacionalização das reservas
Hoje, o Brasil não está plenamente preparado para tirar o melhor proveito da riqueza do pré-sal, porque não dispõe das condições legais e institucionais adequadas. A Lei nº. 9.478, de 6 de agosto de 1997, estabelece que as atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo não podem ocorrer senão por meio de contratos de concessão.
"A nacionalização da exploração do petróleo da camada do pré-sal é fundamental para os destinos do Brasil. Trata-se de uma riqueza que poderá significar a redenção do País, um salto no futuro, a possibilidade do Brasil vir a se tornar uma grande potência econômica e social. Para isso, é fundamental que se mude o atual marco regulatório, consolidado no auge da gestão neoliberal". Ainda é aconselhável alterar a legislação, pois no pré-sal foram perfurados até agora 19 poços, quando são necessários, para mensurar as megajazidas, pelo menos 120 furos exploratórios.
A criação de uma empresa pública, apta a representar os interesses do Estado Brasileiro no pré-sal será a instituição por meio do qual a Nação irá se apropriar do que já lhe pertence. Sim, o petróleo do pré-sal é nosso, mas por incrível que pareça precisamos de um vigoroso movimento político que reafirme essa conquista. Mesmo assim, é necessário muito cuidado para que uma nova estatal não continue os leilões. Caso contrário às estrangeiras ao ganharem uns blocos levarão 50% dessa riqueza e ainda criarão problemas para o Brasil que ficará impedido de realizar uma política de exploração sustentável do petróleo - As estrangeiras, o contrario, produzirão o maior volume de petróleo possível para realizarem rapidamente seus lucros. Há 15 anos atrás, quando o mundo caminhava na direção da estatização de seu petróleo, com o sentido de controlar suas reservas, o Brasil deu uma guinada no sentido contrário.
A Petrobras, apesar de sua eficiência administrativa, competência técnica e da enorme contribuição que sempre prestou ao desenvolvimento do Brasil, não pode, pelo menos no momento representar a União, uma vez que somente 40% de seu capital social é público. Atualmente, investidores privados, nacionais e estrangeiros detêm os 60% restantes; sem mencionar que ela é parceira, em concessões no pré-sal, de empresas estrangeiras.
O Brasil precisa cuidar do futuro, recolocando o desenvolvimento econômico como prioridade do estado. A preocupação da iniciativa privada é unicamente obter o máximo de lucro no mínimo de tempo - quanto ao futuro a deus pertence.
Como vimos na historia dos ciclos econômicos, não podemos perder mais uma oportunidade, é indispensável cuide da sustentabilidade econômica e na prosperidade que nos dará o pré-sal realizemos a necessária reconversão econômica de um país atrasado, para uma nação de primeira grandeza.
Neste momento é importante saber que as petroleiras internacionais estão unidas e alvoroçadas para que não seja modificada a lei entreguista 9.478/97 porque ela, em um dos seus artigos, flagrantemente inconstitucional, permite que as petroleiras se tornem donas do óleo que extraírem - embora a Constituição determine que o petróleo pertença à União, portanto, aos brasileiros. É preciso ter conhecimento de que muitas petrolíferas internacionais compraram "blocos exploratórios" leiloados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), inclusive na Bacia de Santos, a preço de banana - blocos que depois das descobertas da Petrobrás passaram a valer bilhões de dólares.
"Temos dito e repetido que os dois segmentos por trás do lobby internacional sobre os três poderes da nossa República são os EUA e o cartel internacional das 7 irmãs, que já tiveram 90% das reservas mundiais sob o seu domínio e hoje tem cerca de 3% apenas. Esses dois blocos de poder jogam pesado na obtenção de reservas por todo o mundo: suborno, corrupção, assassinato de líderes e invasão de países com reservas de recursos não renováveis como petróleo e minérios estratégicos".
Na era Obama, ao contrário da era Bush, a atuação tem sido mais sutil: massagem no ego do "publico alvo". Vejamos alguns exemplos:
Obama diz que Lula é o Cara (My men), portanto, o líder mais popular do mundo;
Câmara de Comércio Brasil EUA homenageia Gabrielli com o título de "homem do ano";
O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, foi homenageado pela Câmara Brasileira de Comércio da Grã-Bretanha, no dia 20 de maio, sendo agraciado com o título de "Personalidade do Ano". A solenidade de agraciamento ocorreu em um Jantar de Gala realizado no Hotel Dorchester de Londres, Inglaterra.
Falando francamente, não há um único requisito em Lobão para justificar tal título. A não ser o golpe no ego para abrir a sua guarda para as corporações estrangeiras que querem manter a atual legislação do petróleo, favorável a eles. É o lobby domesticando o Lobão.
Portanto, quando Lobão declara, em Londres: "A Petrobrás não pode encarar sozinha a grande tarefa de desenvolver o pré-sal", e acrescenta: "Certamente faremos leilões no próximo ano". É tudo que a plateia queria ouvir - está pago o aperitivo da festa. Lobão disse ainda que espera do Congresso a aprovação da proposta do grupo interministerial, encampada pelo governo, para retomar os leilões no fim de 2011 - e o charuto foi pago.
Quando a telefonia e a eletricidade estavam prejudicando o Rio Grande o que fez Brizola? Encampou as concessionárias e pagou com os lucros já auferidos pelas mesmas. No caso do pré-sal, as concessões devem ser encampadas e o petróleo explorado por uma nova empresa (Brizola instituiu novas empresas - CRT, CEEE).
Outra questão interna diz respeito a distribuição dos royalties do pré-sal, que , sendo o petróleo patrimônio da União (subsolo) deve beneficiar todos os estados da federação e não somente os estados onde estão os poços de perfuração , mesmo porque a bacia de óleo se projeta por vários estados.
Para finalizar, a história nos mostra que depositar todo o investimento industrial em uma só direção gera consequências nefastas (vide a chamada Doença Holandesa), portanto os recursos fabulosos do pré-sal deverão ser aplicados na diversificação de nosso parque tecnológica e industrial.
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