David Iasnogrodski
24/03/2011 | EXERCÍCIO DE MEMÓRIA
“Criança feliz,
Feliz a cantar...”
Letra de uma música que eu ouvia minha mãe cantar, e ela me dizia que o cantor Francisco Alves é que interpretava.
“Criança feliz,
Feliz a cantar...”, não me recordo o restante da letra.
Por que esta recordação?
Nasci em Porto Alegre, na rua Esperança, atualmente Miguel Tostes. Com poucos meses fui para o coração do Bairro Bom Fim – Rua Fernandes Vieira, número 569. Casa enorme de “altos e baixos” ( casa com dois pisos). Morava em cima os Nestrovski – nossos parente. Primos do meu pai. No térreo morávamos nós. Meus pais e eu. Terreno enorme. Comprido. Repleto de árvores, inclusive algumas frutíferas como bananeiras e amoreiras, assim como um pequeno parreiral, além de árvores frondosas como eucaliptos e palmeiras.
Ficamos ali até o janeiro de 1954, mais precisamente o Sete de janeiro. Subimos no caminha de mudanças – eu e meu pai e nos dirigimos à Rua João Guimarães, no bairro Caminho do Meio. Atualmente esta rua pertence ao Bairro Santa Cecília.
Chegando lá eu reparei uma coisa e fui logo perguntando:
- O que é isso?
- É um edifício, respondeu minha mãe, que tinha chegado de “carro de praça” (táxi).
- Vamos morar com muitas famílias e sem jardim para que eu possa brincar?
- Sim. Um edifício onde teremos mais dezessete famílias. Nossos vizinhos e que serão nossos amigos. Tenho certeza!
Assim aconteceu.
Uma novidade para todos os integrantes da família, onde durante toda a vida moraram em residências unifamiliares.
A rua não tinha calçamento definido. Era de chão batido. À parte dos pedestres também, em alguns segmentos, não tinha calçamento. Não era longe de onde estávamos morando. Vindo de bonde eram três paradas. Era perto dos meus avós maternos.
Fomos nos acostumando.
Formamos várias amizades.
Com os vizinhos do prédio e da rua, assim como das ruas próximas. Na rua paralela – Rua 13, hoje Alcides Cruz, tinha um campo de futebol. Pertencia ao Força e Luz. Nos dias de jogos o bonde vinha te o Estádio trazendo os torcedores.
Tínhamos perto um armazém e um bar. O Bar Timbauva, onde nasceu anos depois o Esporte Clube Timbauva, cujo Presidente era o nosso vizinho Chico Paiva. O clube de futebol nasceu com as cores do Penharol de Montevidéu. Fui um dos mascotes do time...
Na rua existia um prédio que funcionava as cocheiras da Padaria Três estrelas, que por coincidência, tinha sua sede na rua Fernandes Vieira ( aquela de onde eu vim...).
Jogávamos muita bola, “taco”, bolinha de gude e “outros” esportes. Tudo na rua e às vezes até “no meio da rua”... Tinha uma grande amizade.
Esta rua iniciava na Avenida Protásio Alves e ia até a Felipe de Oliveira. Hoje ela vai até a Avenida Ipiranga, junto ao Arroio Dilúvio.
Vejam bem o progresso.
Naquele tempo não existia a Avenida Ipiranga. Hoje uma das principais avenidas de Porto Alegre.
Muitas travessuras.
Muitas fogueiras na época de São João.
Ali passei a minha infância. Na Rua João Guimarães, esquina com Rua Dona Eugenia. João Guimarães Mariante, foi um cidadão que possuía grandes quantidades de terras no Bairro Rio Branco. Por esse motivo foi denominada a “minha” rua com este nome.
Ao lado do meu prédio funcionava uma fábrica de bebidas – 9 ervas –que depois ficou sendo a fábrica Scalzilli de bebidas. Hoje é uma Academia de Ginástica.
Naquele tempo o carnaval era comunitário. Funcionava nos bairros. Nós assistíamos aos folguedos de momo junto à Rua Vicente da Fontoura nas cercanias da Avenida Protásio Alves. Ali faziam um “coreto” e os tradicionais blocos vinham visitar a comunidade. Era lindo a animação do povo.
O tempo passa.
Vou crescendo.
O meu colégio também chegou no bairro – Colégio Israelita -. Estabeleceu-se na Avenida Protásio Alves esquina Rua São Vicente.
A rua se modernizou.
Ganhou calçamento de paralelepípedo e depois o asfaltamento. No prédio da antiga Cocheira foi instalado o primeiro Super Mercado Real de Porto Alegre. Depois se tornou uma rede enorme...
O tempo foi passando.
Hoje é uma rua com um tráfego enorme. Até circula um ônibus. Muitos prédios enormes, mas ainda guarda um pouco daqueles tempos.
Tempos de nostalgia.
Sai dali para o meu casamento.
O meu prédio ainda está ali.
Meus pais ainda estão na João Guimarães número 210.
Sinto saudade!
Muitos amigos ficaram na história, mas o Rubens é que me influenciou a pensar no assunto em pauta. A você meus agradecimentos por esse desafio de memória.
Bons momentos.
“Criança feliz,
Feliz a cantar...”
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