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David Iasnogrodski
31/01/2013 | HISTÓRIA SIMPLES DE UM "SIMPLES" SER HUMANO
Nem sei porque me chamam assim.
Acredito até que seja em função de que em outros tempos, eu tinha na mão um “paninho” para limpar os vidros dos carros que passavam no meu “ponto”.
Tenho um mais moderno. Igualzinho aos dos frentistas dos postos de combustível.
Meu equipamento é igual a dos frentistas dos postos de combustível
Não estou aqui para falar da minha “profissão”. Trabalho como muitos mais de 8 horas por dia. Não tenho carteira assinada. Sou um “profissional autônomo”. Não ganho hora extra. Claro que quando chove, eu fico em casa. Nos finais de semana estou “passeando” com minha família. Nos feriados, nem sempre compareço no meu ponto de trabalho, pois não adianta nada. Diminui muito o movimento dos veículos...
Vou levando a vida!
É o meu sonho! Sei que vai melhorar... É a modernidade na minha profissão... Assim acredito que muitos poderão “contribuir” com mais dinheiro para minha profissão e também “muitos ao passarem por mim não dirão que não possuem o trocadinho”. Sei, que muitas vezes as “moedinhas” estão em falta. Estão escassas!. Com a maquininha do cartão de credito eles poderão, tranqüilamente, me dar o “dinheirinho” sem precisar dos trocadinhos. Acho que seria uma boa! Procuro sempre realizar meu “serviço” com qualidade. A água está sempre limpinha. O sabão também é de qualidade... Não se pode perder cliente por problemas de serviço mal feito... Assim eles não voltam... Isso eu aprendi com um cliente meu que é professor de faculdade...
Assim digo a meus filhos na janta, pois na minha, casa nesta refeição, é o momento de união da família: rezamos todos os dias e após comemos. Todos os dias, antes de chegar em casa, passo no “mercadinho” para comprar pão, leite e margarina. Isso não pode faltar nunca. Até é bom para as crianças. é vitamina.
Não tive outra oportunidade de crescer...
Não tive oportunidade de estudar.
Muitas vezes eu desejei, mas tinha que trabalhar... Trabalho na minha profissão desde criança.
Sempre fui um “flanelinha”.
Pedir!
Pedir!
Pedir!
Hoje, em dia, já tenho meus “clientes”. São considerados “clientes fiéis”.
Muitas vezes vêm de longe para que eu faça o serviço nos pára-brisas dos carros deles. Me alcançam a “moedinha”. E eu agradeço. Não esqueço nunca de dizer: “Muito obrigado”.
Já estou perdendo muito tempo.
Tenho que me dirigir ao trabalho, senão...
Bem, senão não vou ter o “leitinho” das crianças...
Os clientes me esperam...
“O pão de cada dia está me esperando”...Sem trabalho não há sobrevivência.
Sei que não é das melhores, mas no momento é ela que dá o meu sustento e de minha família.
Digo mais uma vez: não quero que meus filhos sigam minha profissão. Desejo que eles estudem e sejam “um” outro tipo de profissional, mas que não esqueçam “nunca” do seu passado...
Sei que muitos irão lê-la.
Sei que muitos, talvez, até já tiveram a oportunidade de me ver no trabalho.
Tenho, agora, até uniforme. Cuido bem dos automóveis.
Obrigado pela oportunidade.
Sou simples.
Sou um ser humano.
Sou um “simples” ser humano. Iguais a vocês.
Também são simples.
Também são seres humanos.
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