Gilberto Jasper
31/10/2013 | No tempo das reuniões dançantes
Depois de acordar muitas madrugadas para acudir os filhos ainda bebês, atualmente as horas de sono são interrompidas para buscar os herdeiros na balada. É a rotina de final de semana para pais de adolescentes que preferem o “frete pessoal dos filhos”, ao invés de confiar a tarefa a taxistas ou amigos que são os chamados “motoristas da rodada”.
Numa destas madrugadas, entre um bocejo e outro, lembre das festas nas décadas 70/80 quando a adolescência no interior do Estado era um mundo à parte. As reuniões dançantes eram o ponto alto dos finais de semana e aguardadas com grande ansiedade.
No lugar de casas noturnas da moda, nossas festas na pacata Arroio do Meio aconteciam na casa ou garagens de amigos. Sem dinheiro, o improviso viabilizava a imitação de dispositivos que imitavam as “boates” da época. O resultado impressionava as gurias. E era isso que realmente interessava. Uma dasatrações eram as luzes estroboscópicas e as lâmpadas vermelhas em momentos distintos.
As músicas dançantes eram embaladas por luzes piscantes que reproduziam o ambiente dos night clubs norte-americanos, grande sucesso da época. O tom avermelhado invadia o ambiente quando reinavam as “músicas lentas”. As mais recatadas se refugiavam no banheiro até que a “sessão amasso” terminasse. Lembro com detalhes da festa realizada na minha casa. Era dezembro e a praça central (rodeada, é claro, pela igreja e a prefeitura) estava ornamentada com motivos natalinos.
Voltávamos de uma festa quando tive a brilhante ideia de “pedir emprestadas” algumas lâmpadas vermelhas que enfeitavam o Papai Noel. Elas ficaram perfeitas no tom romântico na hora “mais caliente” da reunião dançante.
Em outra festa, na ausência de luminárias coloradas, tivemos a infeliz iniciativa de pintar lâmpadas brancas com nanquim vermelho. Tudo corria bem até o Village People terminar de cantar Macho Man e dar lugar aos Carpenters.
A pista de dança ficou escura e as lâmpadas vermelhas brilharam como maçãs maduras. Até a terceira balada, com Bee Gees tocando a milhão. Tudo corria bem até uma gosma pingar das luminárias sobre o cabelo das gurias que fugiram aos gritos.
Rapidamente o gravador de fitas K-7 foi desligado e as luzes foram acessas. Só aí descobrimos que o calor da lâmpada derreteu a tinta da “maquilagem” das lâmpadas.
Rapidamente o gravador de fitas K-7 foi desligado e as luzes foram acessas. Só aí descobrimos que o calor da lâmpada derreteu a tinta da “maquilagem” das lâmpadas.
Segunda-feira, na hora do recreio do colégio, ainda era possível vislumbrar várias mechas avermelhadas nas melenas femininas, mas felizmente não houve queimaduras. Para evitar novos acidentes criamos uma “vaquinha” para comprar lâmpadas vermelhas. Desde então não houve mais sobressaltos na hora mais esperada pelos guris.
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