Gilberto Jasper
14/03/2016 | O (mau) exemplo dos boleiros
Sou colorado. O maior legado que meu pai deixou foi a necessidade de conviver civilizadamente com os contrários. Ou seja, discutir sem brigar, discordar sem ofender, cultivar preferências sem vilipendiar os adversários. Isso me leva a fazer algumas reflexões.
A jogada que culminou com a grave lesão de Bolaños não foi acaso. William nunca imaginou as dimensões do trauma do atacante tricolor, mas concorreu para que isso acontecesse. Como fanático por futebol, sempre que posso assisto a jogos na tevê. Não importa o Estado, país ou divisão.
Revolta a frequência com que os jogadores simulam lesões no rosto. Qualquer contato acima do umbigo vira tapa no rosto ou cotovelada no nariz. Também chama a atenção o hábito de saltar para cabecear com os braços abertos, o que facilita impactos violentos.
O vício do excesso de força resulta de dois estímulos: a injeção de adrenalina incutida pelos treinadores e a crônica (des) inteligência de muitos dirigentes. Em véspera de jogos importantes - no nosso caso os grenais -, os homens que comandam o futebol são pródigos em incitar atletas - e torcida - para um evento que mais parece uma batalha. "Raça", "guerra", "foco", "determinação". Termos que, articulados em tom de voz belicoso, resultam numa estúpida beligerância.
Constitui atentado à inteligência polemizar sobre os motivos que permitiram Bolaños seguir até o final do primeiro tempo. O hipotético agravamento da lesão é um detalhe. Afinal, sem a agressão não haveria lesão. Como assisto futebol de todas as idades, chama a atenção o requinte de simulação pelos times de "sub" - sub-20, sub 15, sub-12, etc.. Isso fica evidente na Copa São Paulo, por exemplo.
Um amigo, que investe no filho pequeno para virar jogador profissional, dia destes comentou:
- Há duas semanas fomos obrigados a tirar de campo o time em que meu guri joga. Os adversários batiam tanto, mas tanto, que ficamos com medo que alguém terminaria com a perna quebrada!
A maioria dos jogadores profissionais esquece que são modelos para diversas gerações. A incidência de lesões graves, motivadas pela violência, deveria servir de advertência e conscientização sobre o respeito do papel social que os boleiros desempenham.
Do contrário, Bolaños será apenas mais um.
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