Gilberto Jasper
19/06/2018 | De malas prontas
Levantamento realizado pelo Instituto Datafolha revela que 62% dos jovens entre 16 e 26 anos querem sair do Brasil. Além disso, o levantamento apontou que 43% dos adultos têm a mesma intenção. Este contingente totaliza cerca de 20 milhões de pessoas. Foram feitas 2.900 entrevistas em 129 municípios de todas as regiões do país no período de 9 a 14 de maio.
Com base nas manchetes estes números não surpreendem. Há um misto de revolta e inconformismo, depressão e desesperança, diante de notícias que invariavelmente são negativas. Há pouco espaço nos veículos de comunicação para novidades positivas. Alguns dizem que informação negativa “vende mais”. Contesto esta máxima, afinal, sofremos uma overdose de negativismo crônico. É injusto dizer que não gostaríamos de mais conteúdos favoráveis.
Educação, saúde e segurança, o tripé campeão de citações nas campanhas eleitorais – se prepare, prezado leitor! - são fonte de descontentamento da população. Tento imaginar o pensamento dos jovens que estão na faculdade ou em vias de colar grau. “Qual a perspectiva de conquistar um lugar no mercado de trabalho?”, devem se perguntar. O contingente de pessoas com experiência, mas que estão desempregadas, só cresce. No total, calcula-se que são cerca de 13/14 milhões pessoas sem ocupação.
Sair à rua tem sido um exercício de sobrevivência até mesmo nas pequenas cidades. Os municípios de base econômica rurais reclamam investimento em tecnologia e inteligência, mais viaturas, aumento do efetivo e mudanças visíveis. A educação precária, somada ao desemprego, produziu um ambiente propício ao incremento da violência e do crime.
E volta à pesquisa do Datafolha constata-se que a pretensão de deixar o Brasil é mais comum quanto menor for a idade. Os Estados Unidos continua o país mais almejado pelos jovens, com 14%. Em seguida aprecem Portugal (8%), Canadá (3%), França e Espanha (2%). Apesar de Donal Trump e outros quetais, o país do baseball e do basquete continua líder da preferência da gurizada.
Comento com meus dois filhos adultos jovens – 22 e 24 anos sobre as facilidades que a tecnologia permite para viabilizar intercâmbio e estágios no Exterior. Uma realidade bastante diferente da minha época, nascido em 1960, quando as cartas em papel e os telegramas eram instrumentos de notícias além-mar.
Hoje, através do computador ou smartphone, é possível reencontrar amigos, antigos colegas de trabalho ou de escola, além de parentes que se desprenderam da pátria verde-amarela para tentar a sorte longe daqui. Poucos retornam, quase sempre movidos pela saudade ou pelo nascimento de netos, sobrinhos. De resto, choro e ranger de dentes em território nacional.
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