Gilberto Jasper
04/03/2014 | Narrador e repórter brigam no meio do jogo
É comum a incidência de discussões veladas em transmissões de rádio, ao vivo. Estas escaramuçar têm, na maioria das vezes, origem em desavenças pessoais travadas nos corredores da emissora. Geralmente o ouvinte não nota o clima de beligerância, mas alguns episódios tornam público o astral pouco amigável entre colegas.
Em determinada emissora do Interior onde trabalhei os entreveros entre o narrador e um dos repórteres que participavam das transmissões de futebol vinham de longa data. E tiveram início na escolha da vaga do estacionamento.
Em nome da boa educação, no entanto, eles mantiveram um clima cordial, sem troca de farpas através dos microfones. Um clássico regional de futebol, aquecido pelo clima trepidante de um estádio lotado botaram abaixo os mínimos resquício de urbanidade.
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O jogo, bastante disputado pela paridade dos dois times, teve muitos lances de emoção. Postado atrás de uma goleira, o repórter discordou do narrador – decano da emissora – várias vezes. O constrangimento foi geral, inclusive entre os torcedores que acompanham a partida com o radinho grudado ao ouvido.
Aos 40 minutos do primeiro tempo o time da casa abriu o marcador com um gol polêmico, posteriormente anulado pelo árbitro.
- Que vergonha, seu juiz! O gol foi legítimo! É uma injustiça contra o time dono da casa! – vociferou o narrado de pé na cabine, levando a torcida a disparar os mais cabeludos palavrões contra o “homem de preto”.
Ao final do comentário, o narrador completou:
- Todo mundo viu que não ouve impedimento, não é fulano de tal (repórter).
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Depois de uma longa pausa, o repórter disparou:
- Não concordo contigo! O impedimento foi claro, só não viu quem não quis. Mesmo sendo gol do time da casa, não posso faltar com a verdade!
Silêncio, clima de expectativa. Ninguém esperava tamanha desfeita contra o mais respeitável narrador da região. Nem o repórter da emissora concorrente seria capaz de tamanho desaforo. Refeito, o narrador encerrou a polêmica de forma categórica:
- Como os ouvintes podem notar... (pausa) eu e nosso repórter não estamos vendo o mesmo jogo!
Ao longo de todo segundo tempo o narrador não chamou uma vez sequer o repórter que, na segunda-feira, queixou-se ao gerente, o mesmo ocorrendo com o narrador. Resultado: a dupla levou um “gancho” (suspensão) de uma semana, devidamente descontado do contracheque. Jamais voltaram a brigar via microfone.
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