Gilberto Jasper
02/09/2017 | Baixo astral
Não estou feliz. O trabalho não me gratifica. Minha família ignora meus problemas. Não me consideram importante. Os amigos não me convidam para nada. Estou sempre cansado, triste e desmotivado.
Talvez o (a) leitor (a) depare algumas vezes por dia com algum sentimento semelhante a estes – ou todos eles! – principalmente se já rompeu a barreira dos 50 anos. A cada dia parece que uma nova preocupação assalta a nossa tranquilidade, o que acarreta desânimo e, não raras vezes, depressão, com danos à qualidade de vida.
É raro acontecer algum período, por mais breve que seja, onde todas as coisas do nosso dia a dia estejam “às mil maravilhas”. Esperar que família, amizades, emprego, saúde e ânimo estejam a pleno simultaneamente é esperar um milagre, fenômeno cada vez mais raro no mundo.
Os avanços da medicina e da tecnologia permitem minimizar muitos males que nos afligem. As questões emocionais, no entanto, resistem, inclusive com alguns agravantes. A solidão parece indiferente às redes sociais, firme na liderança das agruras mais comuns da modernidade. A capacidade de ficar on line nas 24 horas do dia é ineficiente para aproximar de forma mais efetiva os seres humanos.
O dedilhar frenético nos smarphones criou uma linhagem de experts na provocação de desejos, interesses e comportamentos adestráveis. Esta mesma tecnologia, no entanto, mostra-se inócua para criar vínculos com a faculdade de ensejar relacionamentos mais longevos.
Recluso em seu quarto, à noite e nos finais de semana, este exército de introvertidos é refratário ao aprofundamento de uma convivência baseada no diálogo, tipo olho no olho. Este raciocínio traz à minha mente aquela charge emblemática em que o personagem ostentava 2 mil “amigos” no facebook. Mas que, no dia do velório, não tinha mais que meia dúzia de familiares e parceiros próximos para velar a sua memória.
Tenho enfrentado repetidos momentos de inquietação, dúvida e pessimismo exacerbado. Isso me assusta. Sempre de alto astral, otimista. Mas o velho ditado preconiza: “O pessimista é, apenas, um otimista bem informado”.
Diferente dos conteúdos que veiculo neste espaço, hoje a crônica mais parece suco de limão do que guaraná. É que noto, a minha volta, que muita gente enfrenta sensações semelhantes. Muitos apelam à meditação, religião, psicologia/psiquiatria e outras alternativas, todas válidas.
Buscar o bálsamo para os males que nos martirizam permite explorar diversas estradas que pode nos levar, senão à felicidade plena, à possibilidade de enfrentar o desânimo com um mínimo de otimismo e alegria.
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