Álvaro L. Teixeira
13/09/2010 | Você não é imprescindível
Nós temos muita dificuldade em aceitar que não somos insubstituíveis. Mas a grande e cruel verdade é que apesar de únicos sempre podemos ser substituídos. Não somos imprescindíveis para nada, nada mesmo. O mundo como ele é continua sem a nossa presença. Ele já existia antes de nascermos e continuará a existir depois da nossa partida.
Eu sei que é difícil aceitar, mas é a pura e crua realidade. A única coisa no mundo que não anda sem a nossa influência somos nós mesmos. O resto anda sem a nossa atuação. Podemos no máximo exercer influência em algumas coisas e ajudarmos em outras, mas elas seriam iguais ou muito próximas sem a nossa contribuição.
Depois de percebermos que o mundo e tudo que faz parte dele não precisam de nós para existir, fica muito mais fácil enfrentarmos as dificuldades do dia-a-dia. Aquelas dificuldades que consomem o nosso dia e nos levam a esquecer as coisas “belas” da vida. Ficamos envolvidos com tudo que nos cerca e achamos que somos capazes de fazer com que tudo ande como queremos.
Porém, se estivermos conscientes de que a nossa participação será apenas uma influência e não totalmente definitiva, podemos ter a noção do que realmente podemos fazer. O nosso trabalho não ficará sem ser feito. Pode ser que não façam do jeito que a gente faria, mas certamente será feito. Pode até ser feito de uma forma melhor e mais eficiente. Pode também ser feito de forma amadora e levar mais tempo do que levaríamos.
Porém será feito se não estivermos presentes. Pode ser que em nossa opinião o trabalho não fique como gostaríamos, mas se paramos para analisar com isenção podemos até descobrir que ficou melhor. Sabendo disso e conscientes de que as coisas continuam, fico me perguntando o porquê da dificuldade que temos de nos afastar, de tirar férias, de descansar, de curtir um pouco a vida curta e difícil de ser vivida. Depois da nossa partida, seremos substituídos.
Os nossos amigos podem conviver sem a nossa presença. Alguns sentirão saudade, enquanto outros nem isso. Se deixarmos de nos encontrar com eles, eles arranjarão outro para conversar, jogar, viajar e divertir-se. Por isso, devemos aproveitar a companhia deles enquanto estamos por aqui. Desistindo de ter razão, que não leva a nada, e procurando curtir enquanto juntos.
Os momentos que temos de alegria e amizade são tão efêmeros que devemos aproveitá-los ao máximo. Não pense que você é o responsável por deixá-los alegres e felizes. Se você ali não estivesse, outro tomaria o seu lugar, por isso devemos valorizar o estarmos ali com o valor que merece a nossa presença. Devemos aproveitar para viver a alegria do momento que talvez nunca mais se repita.
Na nossa casa, onde pensamos ser peças fundamentais, também não somos insubstituíveis. É claro que enquanto estamos presentes podemos influenciar os outros e tentar com que façam o que gostaríamos. Às vezes, conseguimos e muitas vezes, não. Se lembrarmos de que tudo continuará a acontecer sem a nossa presença, ficará muito mais fácil aceitar as idéias e vontades da nossa família. Acho terrível pensar que somos “dispensáveis”, mas a realidade é cruel. Quando partirmos, a vida de todos continuará.
A grande realidade é que não somos imprescindíveis. Custei a entender a frase: “Rei morto, rei posto!”. Ouvi pela primeira quando ainda muito jovem e levei algum tempo para entender o seu verdadeiro sentido. De que realmente não somos imprescindíveis. Portanto, nunca devemos esquecer: “Rei morto, rei posto!”
Publicado originalmente em 08/09/2008
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