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Álvaro L. Teixeira

A Edileusa é uma tapioqueira “de quatro costados” para quem mora no Rio Grande do Sul e “da pega” para quem é alagoano. Não desiste e não desanima diante da adversidade. Quando estive em Maceió, em 2005, fiquei admirado com a habilidade da Edileuza de lidar com os clientes. Tudo que está nos livros sobre como tratá-los, a Edileuza já fazia naturalmente. A atenção dada aos clientes e a administração da barraca de Tapioca não pareciam perturbar a incansável Edileuza.

A “Tapioca Recheada da Edileuza”, nome da barraca na beira da praia de Jatiúca, em Maceió, é diferenciada pelo atendimento que todos recebem e pela organização utilizada para administrá-la. Todo dia, das 12h às 24h, lá está a barraca que precisa ser desmontada e remontada diariamente, com a Edileuza, exímia tapioqueira, no comando das ações.

A orla de Maceió está mudando, está passando por uma reforma geral. A calçada à beira da praia está sendo renovada. Junto com o calçamento, estão construindo quiosques. Os quiosques de tapioca terão capacidade para seis tapioqueiras. Para continuar no negócio de tapioca à beira da praia, foi preciso entrar em uma licitação pública. O resultado final ainda não chegou. A Edileuza está muito ansiosa para saber o resultado.

Estão nessa mesma disputa o pessoal da beira da praia, que como a Edileuza tem mais de 12 anos só na tapioca, e o pessoal da área de negócio, que poderá investir no trabalho à beira da praia. A Edileuza e a Edileuzinha, filha que divide os afazeres da barraca com a mãe, trabalham muito e sempre com o mesmo rigor no que diz respeito aos padrões de higiene.

Estive com a Edileuza na semana passada, apresentado a tapioca a um gaúcho que andou aqui por Maceió. Achei que a Edileuza iria reclamar da futura situação. Fiquei surpreso com a atitude dela, que vai fazer 67 anos no dia 17 de setembro. Ela já colocou uma barraca de tapioca na frente da casa onde mora para testar a freguesia e não ficar parada se não for contemplada na licitação.

Acredita de coração que vai ser contemplada na licitação, mas, por via das dúvidas, já está pesquisando a possibilidade de colocar tapioca em um local comercial. Ela não está parada e a dificuldade que lhe foi apresentada está servindo apenas para incentivá-la a continuar empreendendo. Quando vejo esse tipo de exemplo de uma pessoa que tudo que conseguiu na vida foi com muito trabalho e dedicação, fico me perguntando como poderíamos fazer para passar essa garra para os nossos filhos e para todos aqueles que se acham injustiçados.

Edileuza, feliz aniversário e parabéns pela determinação! Não importa onde estarás fazendo a tua tapioca no futuro. Eu, assim como muitos dos teus clientes, não te abandonaremos. Não podemos perder por nada no mundo o sabor da tua tapioca e o teu exemplo de vida.

Publicado originalmente em 15/09/2008