Álvaro L. Teixeira
15/12/2015 | Imaginem se eu soubesse disso antes!
Não sei quando começou a minha paixão pelas estradas e pelas motocicletas. Acho que nasci com elas. Já escrevi dois livros para tentar explicar por que gosto tanto de pilotar uma motocicleta. Houve uma época em que quando alguém dizia que pilotar motocicletas é perigoso eu saltava em defesa. Comparava com os carros, com os elevadores, com os aviões. Depois, cheguei à conclusão de que estava falando para as paredes.
Comentar que se sente ao andar de moto para quem tem medo é muito parecido com a sensação de explicar o orgasmo para uma criança. Hoje, consigo falar a respeito sem que a emoção tome conta e tento explicar, já sabendo que não serei compreendido.
Já escrevi artigos comparando todos os modelos de motocicletas com vários tipos de amantes, para ver se conseguia ser ouvido. Acho que não acreditaram. Mas eu ainda não desisti e não pretendo desistir facilmente. Tenho a crença de que não devemos parar de pilotar motocicletas quando ficamos velhos e de que ficaremos velhos se deixarmos de pilotar motocicletas.
No início deste mês, o Chardô, experiente e jovem motociclista, pois motociclista nunca fica velho, colocou no meu e-mail uma pesquisa sobre pilotagem de motocicletas no dia-a-dia. Fui atrás da notícia para pegar mais detalhes. O prof. Ryuta Kawashima, especialista, pesquisador e criador do software Brain Training (Treinando o Cérebro), desenvolveu pesquisa junto à Universidade de Tohoku, em Tókio, com o apoio da Yamaha.
Foram selecionados 22 homens de meia-idade, entre 40 e 50 anos, que já houvessem pilotado motocicletas e estivessem habilitados, e divididos aleatoriamente em dois grupos. Um dos grupos continuaria a usar o carro ou a bicicleta e o outro passaria a utilizar motocicletas em sua rotina diária. A pesquisa foi feita por dois meses. O Prof. Kawashima realizou testes cerebrais e de memória antes e depois da pesquisa.
Os resultados foram surpreendentes para quem ainda não gosta de pilotar motocicletas. O grupo que andou de motocicleta apresentou desempenho superior ao do outro grupo em todos os testes cognitivos que envolvem conhecimentos gerais.
Foram medidas as capacidades de memória, utilizando séries numéricas invertidas, dos dois grupos antes e depois dos dois meses de pilotagem. Os que estavam usando motocicleta apresentaram desempenho 50% melhor depois da utilização contínua. O outro grupo teve uma pequena queda na capacidade de memória em relação a eles próprios. Os motociclistas do teste relataram que os erros no trabalho diminuíram consideravelmente e que a sensação geral de felicidade começou a fazer parte do dia-a-dia deles.
O prof. Kawashima, de 49 anos, afirma que a falta de cuidados com a mente é um grande problema da sociedade moderna. E que a pesquisa mostra que podemos mudar para melhor a nossa condição mental simplesmente pilotando motocicletas. A pilotagem de motocicletas deixa nosso cérebro mais jovem.
Imaginem se eu soubesse disso antes... O que já poderia ter feito a respeito... Não podemos esquecer que nunca é tarde para começar e que a saúde mental pode estar na dependência de pilotar uma motocicleta. Pense! Se você soubesse do resultado dessa pesquisa há dez anos? O que você faria? E por que não pode fazer agora? Nem precisa viajar, é só usar a motocicleta como parte de sua rotina diária... Ah... se eu soubesse disso antes! Quantos argumentos teria utilizado...
Publicado originalmente em 23/03/2009
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