Álvaro L. Teixeira
04/01/2016 | Aprender a esperar!
O mundo das filas parece ter chegado para ficar. Hoje, temos fila para quase tudo. Para qualquer lado que vamos, temos de enfrentá-las e precisamos esperar. Ainda não conheci ninguém que goste de esperar. Saber esperar é muito difícil. E, a cada dia que passa, o tempo de espera aumenta mais. O progresso nos encurtou as distâncias, mas trouxe novas filas e novas esperas.
Uma viagem aérea hoje dura praticamente o mesmo tempo em que ficamos esperando nos aeroportos por onde passamos. Se tivermos uma escala com troca de aeronave, provavelmente ficaremos esperando pelo próximo vôo um tempo maior do que este vai levar para nos deixar no próximo aeroporto.
Em uma consulta médica é normal ficarmos mais tempo esperando do que o tempo que dura a consulta. Se formos a um médico que atende por ordem de chegada, a espera torna-se infinitamente maior.
Algumas repartições púbicas colocam cadeiras para esperarmos sentados. Pelo menos nessas filas ficamos sentados, já que o número de “funcionários” quase nunca é o suficiente para atender a todos. Essa espera foi estendida a tudo. Sou obrigado a confessar que não compro em determinadas lojas para não ter de enfrentar na fila dos caixas para pagamento. Infelizmente, não consigo fugir das filas de pagamento em supermercados.
Os lugares mais incríveis hoje possuem filas. Algumas são organizadas, pois precisamos pegar uma ficha de atendimento; as mais sofisticadas têm lugar para sentarmos. Algumas vezes, somos atendidos rapidamente, porém isso é raro de acontecer.
No correio, para enviarmos uma carta, em algumas agências precisamos pegar ficha para atendimento. As filas e consequentemente as esperas estão em franca proliferação. As centrais de atendimento por telefone, as mais “modernas”, avisam que o tempo médio de espera para sermos atendidos por uma das telefonistas é de “tantos” minutos. As outras nos deixam esperando, e muitas vezes cansamos. A grande sacada é o que fazer para que a espera não se torne tão aborrecida e passe mais rapidamente.
Acabei de ler a vida de Musashi, o maior samurai japonês, que viveu de 1584 a 1645 e não gostava de esperar. Ele usava a técnica de fazer alguma coisa enquanto esperava. Na espera pela luta mais importante de sua vida, ele fez cordas com papel para amarrar o quimono e esculpiu um remo para servir como arma. Essa técnica parece interessante e faz com que o tempo da espera pareça passar mais depressa.
Não precisamos nos espelhar no maior samurai de todos os tempos para aprendermos, mas podemos olhar para os jovens nas inúmeras filas que temos no nosso dia-a-dia. Eles ou estão com fone nos ouvidos ou com um aparelho eletrônico nas mãos. Esse aparelho pode ser um celular ou qualquer outro, mas os deixam totalmente concentrados no que estão fazendo. E muitas vezes precisam ser avisados quando chega a sua vez de serem atendidos.
Por isso, nas próximas filas, podemos levar alguma coisa para fazer, e cada um deve descobrir a melhor forma de enfrentar a espera. Pode ser até observando os outros e tentando adivinhar quem são e o que fazem. Não temos como eliminar as filas e o futuro está nos preparando mais e mais... O segredo vai ser aprender a esperar!
Publicado originalmente em 18/08/2008
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