Álvaro L. Teixeira


06/12/2010 | Competindo

Os americanos são mais competitivos que os brasileiros. Se você concorda com essa afirmação, estamos falando a mesma língua. Se você não concorda, vamos em frente, pois não vamos competir por esse motivo. Vamos à outra afirmação. Os argentinos são mais competitivos que os brasileiros, pelo menos no futebol. Você concorda com essa afirmativa? Ok, não vou mais perguntar. Vamos em frente. Será que nós, brasileiros, não somos competitivos o suficiente?

Os homens são mais competitivos que as mulheres. Outra afirmação comparativa. Da forma que estamos abordando, parece que ser mais competitivo é vantajoso. Acontece que, quando estamos falando da nossa vida e não dos nossos negócios, ser competitivo pode não ser tão bom assim.

Será que devemos competir com nossos irmãos, pelo carinho e pela atenção dos pais? Será que devemos competir com o nosso marido ou esposa no dia-a-dia? Será que devemos estar sempre competindo? Tenho me perguntado se a competição, quando falamos de relacionamentos, pode ser mais negativa do que positiva. Ou será que a competição raramente é positiva? Será que alguma vez a competição pode trazer resultados positivos? Agora, já estamos dizendo que competir não é bom.

O que devemos fazer: competir ou não? A resposta é bem simples. Se quisermos estar tranquilos, devemos evitar a competição. Agora, se quisermos estar em constante luta e sem descanso, podemos estar sempre competindo. Dessa forma, podemos vibrar quando ganharmos e chorar quando perdermos.

Quando me lembro de competição, fico pensando na história do casal que saiu para ir ao cinema, coisa que não fazia há muito tempo. Em função dos filhos e dos afazeres domésticos, acabaram saindo atrasados de casa. O marido, como todo homem, achava que sabia o caminho para o novo cinema que havia inaugurado há apenas uma semana. A esposa também achava que sabia. Os dois saíram e quando o marido começou a tomar um caminho diferente do que ela achava certo, questionou se ele tinha certeza. Depois de ele afirmar que tinha certeza absoluta, ela sugeriu pararem para perguntar. Obviamente, ele não parou.

Além de ter certeza de que estava no caminho certo, qual homem gostaria de parar para perguntar para onde ir. Faz parte da “masculinidade” saber todos os caminhos, e se por acaso errar a culpa é do outro que atrapalhou. O caminho escolhido por ele acabou não levando ao cinema desejado. Perderam o horário do cinema e pararam em um café para relaxar.

No café, ele descobriu que o caminho que ela queria tomar estava certo e não conseguiu entender por que ela não discutiu o assunto. Ela respondeu que não queria competir nem ganhar louros por saber o caminho certo. Ela queria uma noite agradável junto com ele. Não importava quem estava certo e eles não precisavam competir sobre isso para passarem uma noite agradável. Depois do café, foram ao cinema na segunda sessão.

Por que nós não podemos, pelo menos algumas vezes, evitar competir por coisas que nos darão uma vitória efêmera e que nos afastarão daquelas pessoas que mais gostamos? O prazer do consenso na maioria das vezes pode ser bem melhor que o resultado da competição. Até porque no consenso os dois saem vitoriosos e não temos perdedores.


Publicado originalmente em 15/12/2008


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