Iane C. Alvares
05/10/2010 | A genética pode determinar nossa personalidade?
As descobertas sobre o DNA humano e a evolução do estudo sobre a genética, trouxeram avanços importantes. Mas temos que ter cuidado para não nos precipitarmos com conclusões incompletas ou errôneas.
Se a genética determinasse a personalidade do ser humano, poderíamos pensar que os gêmeos com carga genética idêntica teriam personalidades idênticas, mas não é o que ocorre.
Os genes possibilitam, por exemplo, que o ser humano desenvolva a fala, mas não determinam que determinado indivíduo irá falar. Ele terá que ser estimulado pelo meio em que crescer para que fale.
Existe o DNA que irá caracterizar cada espécie, determinando que o ser se torne ou humano, ou gato, ou formiga ou ... Outros genes são mais específicos e variam dentro de uma mesma espécie, de indivíduo para indivíduo, atribuindo a cada um potencialidades diferentes, mas não “determinam”, não tiram a liberdade de escolha do que este indivíduo se tornará.
Por exemplo, alguns genes estão ligados à regulação de mecanismos fisiológicos, como é o caso da regulação da dopamina, que é um neuro-transmissor relacionado à sensação de prazer. Uma diferença genética pode determinar que alguns indivíduos, ao experimentarem a cocaína sintam mais prazer e, assim, possam viciar-se com maior facilidade do que outros. Isto não quer dizer que a drogadição seja genética, no sentido de que os genes “determinam” que fulano vai se tornar um drogadito e que não poderá escapar deste destino.
Estas conclusões precipitadas podem atrapalhar, pois dizer que certa atitude ou comportamento é genético, torna o ser humano um ser dirigido pelo DNA. Aliás, uma das características genéticas do ser humano é justamente ter mais liberdade de escolha, não sendo seu comportamento tão guiado pelos instintos, como ocorre que os animais.
Alguns indivíduos podem ter uma tendência a se viciar mais facilmente do que outros, mas a escolha de experimentar ou não, de largar ou seguir com a droga é determinada por uma série tão grande de fatores que fica praticamente impossível pré-dizer quem se tornará esta criança que acaba de nascer, apenas pelo seu DNA.
Outros fatores são também importantes na formação da personalidade, principalmente a cultura e a relação com os pais e irmãos nos primeiros anos de vida. Quanto a este relacionamento também variará de acordo com inúmeros fatores. Podemos pensar na personalidade dos pais; na posição da criança entre os filhos, se o mais velho, se o mais novo, se o mais bonito, se o mais miúdo ou o mais forte, se o filho de um casamento anterior... E assim vai, podemos citar muitas variantes.
O fator “sorte” ou “acaso” conta igualmente. Um trauma importante vai influenciar, como é o caso de sofrer um assalto violento; ou algum problema de saúde dos pais; ou a perda do emprego do pai; ou mesmo a morte de um dos pais ou de algum familiar mais chegado.
Enfim, são tantos os fatores que vão influenciando o desenvolvimento da criança, e tão variadas as possibilidades de respostas a estes fatores que pouco podemos prever.
O que tem de positivo nesta reflexão é que podemos acreditar na liberdade de escolha e na capacidade de mudança do ser humano. Todos nós somos capazes de mudar nosso “destino”. Geralmente mudar não é nada fácil, e, na maioria das vezes requer anos de terapia. É mais fácil acomodar-se na sua maneira habitual de ser e justificar-se: “sou assim, não posso fazer nada” . Ou pior ainda, colocar a culpa nos pais ou nos genes como está na moda.
Porém, escolher o caminho mais difícil e tentar outra alternativa é muito mais recompensador.
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