Iane C. Alvares


04/03/2013 | Metendo a Colher na Briga de Marido e Mulher

Nos jornais da semana passada, circulou uma matéria sobre a violência contra a mulher, a lei Maria da Penha e a possibilidade do agressor arcar com pensões para os filhos da vítima, ou para a própria vítima. Lendo sobre o assunto, passei a pensar no aspecto emocional da criança que presencia agressões verbais ou físicas entre seus pais.

Pesquisas sobre o assunto (e o bom senso) nos mostram que as sequelas são desastrosas, tanto para as vítimas, como para seus filhos. Além disto, há uma possibilidade maior das mulheres que sofreram agressões, tornarem-se agressoras de seus filhos ou de serem negligentes para com eles, se comparado com as mães que não sofreram maus tratos.

A mãe que sofreu ou que sofre agressões físicas ou psicológicas de seus parceiros tem a saúde física e/ou emocional abalada. A angústia materna e sua depressão consequentes têm um impacto no desenvolvimento da criança; o relacionamento mãe/filho fica prejudicado.

A criança que presencia agressões entre os pais, sem nem contar as que são agredidas, pode desenvolver depressão, medo pela segurança de sua mãe e problemas de socialização, o que imediatamente afeta seu desempenho escolar. Podemos observar, também na escola, dificuldades na memória, hiperatividade e falta de atenção, ficando assim, todo o futuro desta criança comprometido.

As mulheres que conseguem, apesar de tudo, manter uma maternagem suficientemente positiva, amenizam as consequências da violência doméstica no psiquismo das crianças, superando de maneira mais adequada as experiências negativas. Isto nos faz pensar na importância dos programas de atendimento emocional às mulheres e seus filhos. Porém a maior parte das agressões, principalmente as emocionais, nem chega às delegacias ou aos programas de atendimento.

Aspecto importante que gostaria de ressaltar é a situação inversa, que não é muito falada nos meios de comunicação: o homem vítima da agressão (geralmente psicológica) por parte de sua parceira e suas consequências, também danosas, nos filhos. Estou me referindo a, por exemplo, a agressão ou menos-valia para com o homem/pai feita inúmeras vezes por algumas mulheres, expondo os filhos à desvalorização da figura paterna/masculina, trazendo consequências importantes para o desenvolvimento emocional do ser humano.

Em nossa cultura, é menos frequente a agressão para com o parceiro do sexo masculino, mas nem por isso, deve-se negligenciar, ou não desenvolver programas de atendimento de crianças ou casais que vivem tal situação.

As agressões emocionais, geralmente não chegam às delegacias, dificultando o atendimento desta população. No entanto, podemos observar que tais violências são bem frequentes, através do número de pacientes que chegam aos consultórios de psicologia como vítimas ou como agressores, perdidos em um redemoinho de onde não conseguem sair.


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