Iane C. Alvares
23/09/2010 | O que é mais difícil: ser adolescente ou ser pai ou mãe de adolescente?
O adolescente caracteriza-se por efetuar atos que, se fossem realizados por um indivíduo em outra faixa etária, seria, certamente, considerado anormal. É uma etapa de grande instabilidade emocional. O jovem procura sua identidade. Está deixando de ser criança, dependente e busca descobrir o seu modo de ser, sua identidade, diferente da dos pais. Quanto mais indiferenciado ele estiver em relação a seus pais, mais terá que brigar para separar-se e descobrir quem ele é. Paradoxalmente, é no seu relacionamento familiar que se apoiará para esta tarefa tão difícil.
Ao mesmo tempo em que procura-se como adulto, teme deixar a infância. Deixar a infância pressupõe mudar até seu corpo. Parece que de um dia para o outro seu corpo desenvolve-se e, no espaço de apenas um ano, transforma-se. Não sabe mais como lidar com seu próprio corpo, parece desajeitado, às vezes envergonhado com a voz que desafina, com a menstruação que chegou, com seu visual que começa a atrair adultos do sexo oposto, e isto dá medo e satisfação simultaneamente. É , realmente, uma época confusa.
No meio desta confusão emocional toda ainda tem que escolher e iniciar uma profissão, tem que descobrir uma maneira de ser aceito no mundo adulto, ou então, quem sabe, ser aceito pelos iguais, os outros adolescentes; para isto não mede esforços. Veste-se de maneira estranha para poder pertencer a sua tribo. Começa a fumar, a beber e, muitas vezes, a se drogar para mostrar como “está por dentro”.
Ora sente-se totalmente deprimido, impotente e só tem vontade de ficar deitado, olhando para o teto, com o som a todo volume; ora sente-se grandioso, como se fosse o dono do mundo a ponto de parecer perigoso, pega o carro e corre como se nada pudesse lhe acontecer. Queiram ou não este ainda é um adolescente normal.
Além de tudo isto, na busca de sua identidade, também está incluída a identidade sexual. Sente-se homem ou mulher, feminino ou masculino, algumas vezes as duas coisas. E os adultos cobram uma postura mais madura e decidida.
E os pais do adolescente? Às vezes pensam que estão lidando com uma criança que quer tudo na mão; outras vezes, com um jovem que reivindica liberdade, que se diz adulto, repete várias vezes quantos anos já tem. Os pais também ficam muito confusos. Além de tudo, observam seu filho a desabrochar enquanto sentem que começam a envelhecer. A sociedade cobra dos pais e professores que saibam lidar com o adolescente. E quem vai entender os pais? Eles estão passando por uma etapa de vida igualmente difícil, mas que não incomoda tanto a sociedade, por isso ninguém se preocupa com esta faixa etária.
Por que se preocupar com este indivíduo quarentão, ou cinqüentão? Ele está em plena produtividade, trabalha e sustenta toda a família, na maioria das vezes ainda ajuda seus próprios pais aposentados. Ao chegar em casa depara-se com as confusões do jovem, queixas dos vizinhos com o som alto durante a tarde, o que é negado por seu filho. Depara-se também com as queixas dos pais que estão com problemas de saúde, ou que querem sair e aproveitar a vida, pois afinal, estão “na melhor idade”. Depara-se com as correspondências esperando para serem abertas, na maioria, contas e mais contas. Depara-se ainda, com a mulher (ou o marido) também exausta chegando do trabalho e encontrando a mesma confusão.
Resolve, então, relaxar um pouco na televisão: CPI, violência, crise econômica.... É melhor jantar. O celular toca, problemas do trabalho. Vai deitar lembrando que a psicóloga do filho recomendou que fosse mais paciente com o adolescente.
É, não é fácil ser adolescente, nem pais de adolescentes...
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