Iane C. Alvares
14/10/2010 | Assédio Moral no Trabalho
A Pesquisa realizada na PUC-SP, do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social nos assombra pelo índice de 42%, dos mais de 40 mil trabalhadores entrevistados, já terem sofrido assédio moral em seu trabalho.
Podemos distinguir 2 tipos de assédio. O primeiro é o Assédio Moral Organizacional que se caracteriza por uma política da empresa que estimula a competição entre os funcionários e o clima de tensão, justificando-se pela necessidade de melhores resultados, para tentar aumentar a produtividade e para manter os funcionários submissos.
Aqui os trabalhadores são publicamente humilhados e desrespeitados se não estão rendendo o esperado, ou mesmo se a organização deseja pressionar os funcionários para produzir mais. Cria-se um clima de terror e as reuniões de equipe geralmente trazem muita ansiedade, pois nelas os funcionários são avaliados em grupo e os que menos renderam são publicamente humilhados.
Outro tipo de assédio é o Assédio Moral Pessoal, onde o alvo das humilhações é uma determinada pessoa, que passa a ser motivo de chacota, humilhações, ameaças, e outros tipos de violência, geralmente infringida pelo chefe ou supervisor (claro que, geralmente, com a conivência da empresa).
Na maioria das vezes, este tipo de assédio tem como objetivo forçar o trabalhador a pedir demissão. Ocorre muitas vezes em empresas públicas, onde se torna mais difícil demitir um funcionário, mas podemos também encontrar em um número significativo de empresas privadas.
As técnicas mais utilizadas para este tipo de “tortura” são: desqualificar a produção do funcionário; fazer chacotas com o jeito pessoal do trabalhador, como sua maneira de vestir ou de falar; não deixá-lo justificar suas atitudes, não dando oportunidade de expressar-se; colocá-lo para executar atividades bem inferiores a suas atribuições normais; ou, ao contrário, sobrecarregá-lo com serviço de maneira que seja impossível executar dentro do prazo exigido, humilhando-o por isso.
Podemos imaginar que o resultado de tal tratamento só pode ser o aparecimento de sintomas físicos e emocionais característicos do estresse, como distúrbios digestivos, diminuição da libido, sentimento de inferioridade, choro e depressão, o que acaba, realmente, levando o indivíduo a se desequilibrar emocionalmente e, por fim, pedir demissão.
Mas os efeitos deste tipo de violência não param por aí. Um índice significativo fica com a autoestima tão abalada que, algumas vezes, não retornam mais ao mercado de trabalho.
Com estes dados fica expressa a gravidade da situação que é bem mais comum em países em desenvolvimento do que em países desenvolvidos, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
No Brasil, alguns casos são denunciados nos Tribunais Regionais do Trabalho. As regiões sul e sudeste lideram em número de ocorrências, mas acredito que nas outras regiões do país não há muitas denúncias por serem regiões mais pobres e com menor oferta de trabalho, o que pode fazer com que os trabalhadores ou desconheçam seus direitos, ou temam perder seus empregos.
Nos consultórios de psicoterapia encontramos um número grande destes trabalhadores tentando reequilibrar-se após passarem por esta experiência, ou, outras vezes, estão sendo vítimas de constrangimentos, mas ficam com um sentimento de menos-valia tão grande que não se dão conta que podem denunciar ou encontrar outra maneira de lidar com a situação.
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