Iane C. Alvares
02/11/2010 | O furo é mais embaixo ou mais em cima?
Em meu último comentário intitulado “O furo é mais embaixo” questionava-me sobre o que leva o ser humano a atingir níveis tão baixos de pobreza, desmotivação, e falta de vida. Gostei muito do comentário de um internauta que perguntou se o furo não poderia ser mais “em cima”. Acredito que ele se referia a nossa política e nossos governantes.
A partir daí comecei a pensar onde estariam os furos: embaixo... em cima... Gosto de comparar a situação de uma sociedade com a situação de uma família. Então, em momentos de crise, a culpa é dos pais ou dos filhos? Em nossa sociedade gostamos muito de culpar os pais pelos problemas dos filhos. Mas será mesmo assim tão simples?
A situação política, nossos governantes (eleitos por nós diga-se de passagem), nada mais são do que o povo brasileiro. Eles nasceram, cresceram e aprenderam a ética, com a qual trabalham, aqui no Brasil. Não deixam de ser filhos o Brasil. Só que agora tornaram-se pais e nos governam. É triste, mas é verdade.
Em psicologia existe um conceito que se refere à transmissão de modos de ser e de comportamentos de uma geração para a outra, é a chamada transgeracionalidde.
Alguns problemas vão passando de pais para filhos através das gerações, até que um filho resolve se tratar e mudar seu destino. Este indivíduo, ao interromper a cadeia entre as gerações, muda não só o seu destino,mas também o destino de todos os seus descendentes.
Assim também, acredito, temos que lutar para que venha a acontecer no Brasil. Temos que interromper esta sequencia de filhos sem ética, que querem levar vantagem em tudo, que não são sérios, que enganam.... Os que são privilegiados e conseguem agir de maneira distinta devem começar a luta, ou o tratamento. É muito difícil. Como ensinar nossos filhos a serem indivíduos íntegros se estão cercados de pessoas não íntegras? Como dizer-lhes que devem ser honestos consigo mesmos e com os outros acima de tudo, se por isso podem ser ridicularizados pelos colegas?
Não pensei que seria fácil. Estamos todos de acordo que os mais velhos devem dar o exemplo, mas os filhos podem tomar a iniciativa também. Estamos todos no mesmo barco. Uns navegam às cegas ; outros conseguem ver o norte. Os que possuem uma bússola devem dar o exemplo e tentar tirar as vendas dos que não vêem. Cada um deve fazer o que estiver ao seu alcance, mesmo que seja só orientar seu próprio filho, já é muito.
Como filhos deste Brasil, também podemos ajudar. Podemos escolher melhor nossos dirigentes através de um voto mais cauteloso; podemos participar mais da sociedade sem nos alienarmos, desanimados com a situação, uma das maneiras é fazer um comentário, como fez este internauta que alertou haver um furo mais em cima; mas, sobretudo, podemos mudar a situação através do pequeno exemplo que cada um de nós dá para si próprio e para seu vizinho.
Portanto, o furo está embaixo e em cima, não é mesmo?
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