Iane C. Alvares
04/11/2010 | Quando dizer NÃO
Sou seguidamente procurada por pais que querem discutir sobre quando dar liberdade ou quando dizer “não”. Esta não é uma dúvida só de pais de adolescentes. Desde os bebês, até os adultos, estamos constantemente diante de encruzilhadas onde temos que escolher pelo “sim” ou pelo “não”.
Nos primeiros meses de vida, quem cuida do bebê passa o tempo todo tentando satisfazer as necessidades dele. Aqui o “não” vem com a impossibilidade de satisfazer tudo. Nem sempre se sabe por que ele chora ou nem sempre se consegue acalmar-lhe a dor. O “não”, não vem como uma palavra vem da própria vida e a vida não nos permite estarmos satisfeitos o tempo todo.
Neste início, os pais devem assumir total responsabilidade pela proteção do bebê. Gradativamente a palavra “não” vai sendo usada nas ocasiões em que se deve impedi-lo de fazer algo como colocar o dedo na tomada ou mexer em botões, colocar areia na boca, pegar facas...
Até, antes de dizer “não”, é mais seguro retirar do alcance do bebê os objetos perigosos. Se um bebê de dez meses se corta com uma faca, mesmo que os pais já tenham dito para não pegá-la, se ele se corta, a responsabilidade é totalmente dos pais que não o protegeram.
No começo, os bebês não têm noção de certo ou errado, nem de perigo. Ainda por cima, são muito curiosos, querem mexer em tudo. Agora estou imaginando um bebê de 9 ou 10 meses, engatinhando pela casa, pegando tudo que encontra, observando e finalmente colocando na boca para provar o que é aquilo. Estas explorações pelos arredores são importantes para o desenvolvimento do desejo de conhecer o mundo, o que será muito importante na idade escolar para terem curiosidade e vontade de aprender e pesquisar.
Aos poucos, eles vão aprendendo o que é permitido e o que não é; que coisas não podem mexer por serem perigosas ou por desagradar aos pais. Somente mais tarde, aos dois anos ou dois e meio, quando a criança já é capaz de dominar mais as palavras é que se torna importante dar explicações do porque não ou porque sim.
Mas nada é tão fácil. Por volta dos 2 anos eles passam por um período de desafio e testam os pais até o limite. Às vezes dando verdadeiros shows nos supermercados, atraindo a atenção de todos, que, sem saberem do que se trata, condenam os pais atrapalhados com a birra do filho.
Na idade escolar as crianças ficam mais fáceis de lidar, pois querem ser bons filhos e corresponder às expectativas dos pais e da sociedade. Se tudo vai bem, passam alguns anos mais tranquilos. Na adolescência, com a luta que os jovens têm que travar para diferenciarem-se dos pais, descobrirem seus próprios valores e ideais, a rebeldia retorna. Nesta etapa sentem-se donos de si, não veem perigo em nada, de maneira que acabam se expondo e se colocando em risco.
É uma fase difícil para os pais e para os filhos. No entanto, se o relacionamento vinha bem, pode-se superar este período e o resultado é tanto pais como filhos mais maduros. Aprendi, nos meus quase 30 anos de profissão, que os pais esforçam-se ao máximo para se saírem bem com os filhos. A maioria consegue, mas alguns encontram dificuldades para se impor frente a eles, geralmente são mães e pais inseguros e as crianças ficam muito rebeldes.
Se há dificuldades, geralmente elas começam cedo, ainda com as crianças pequenas, mas como “isto é coisa de criança” nada é feito e a situação vai num crescente até que estoura na adolescência. Quanto mais cedo buscarem ajuda, melhor. Recebo em meu consultório pais de filhos ainda bebês e podemos ajudá-los com facilidade.
Outros me procuram ainda na gestação, com angústias próprias desta etapa, podem aliviar-se para curtir o resto da gravidez, o parto e tudo o mais que vem pela frente. E vem muito pela frente, mas a maternidade e a paternidade podem ser muito gratificantes.
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