Iane C. Alvares
23/11/2010 | Desvios sexuais
Nos últimos cem anos, desde Freud, a idéia de perversão sexual tem sofrido mudanças, começando pelo termo utilizado: perversão sexual, desvio sexual ou parafilias?
A classificação de doenças mentais americana (DSM IV da American Psychiatric Association), também utilizada no Brasil, trocou o título Perversão por Parafilia com a intenção de excluir o aspecto pejorativo que o termo perversão trazia.
Sabe-se que comportamentos sexuais considerados perversos há algumas décadas atrás, são hoje praticados por quase todos os indivíduos saudáveis. Mas afinal, o que é atualmente considerado um comportamento sexual desviante ou patológico?
O DSM IV restringiu o termo Parafilias apenas aos comportamentos sexuais nos quais são empregados objetos não humanos; ou humilhação, ou dor são infligidas a alguém (um parceiro); ou nas situações em que são envolvidas crianças ou parceiros que não concordem com a situação.
A atividade sexual perversa já foi resumida como “a forma erótica do ódio”. Esta visa um não envolvimento íntimo com o outro. Parece estar geralmente presente nestes indivíduos, um medo grande de perderem suas identidades ou o sentido de ser.
Nas mulheres com este diagnóstico, é comum fantasias de separação, abandono e perda. Nas que foram sexualmente abusadas na infância podem surgir a necessidade de utilizarem a própria sexualidade para vingarem-se dos homens e reassegurarem-se de sua feminilidade, desenvolvendo comportamentos sedutores exagerados.
As parafilias podem ser encontradas em pacientes com qualquer tipo de estrutura de personalidade: dos psicóticos aos quase normais. Sendo assim, em graus menores, todos os tipos de perversões são encontradas em todos os indivíduos, porém, o importante é avaliar o que determinado tipo de fantasia perversa está significando na dinâmica de cada um.
Observa-se que indivíduos que só encontram prazer através de atividades sádicas, que envolvem crueldade explícita em relação a outrem, sofreram abusos físicos ou sexuais na infância. Estão tentando de forma inconsciente se vingar e dominar o trauma infantil.
Ao contrário, pacientes que apenas encontram satisfação em atividades masoquistas nas quais são humilhados ou sentem dor, geralmente estão repetindo experiências de abuso na infância, ou estão convencidos de que merecem tais castigos. Outro entendimento do masoquismo e do sadismo é o fato de que na infância aprenderam que a única forma de se relacionar com outra pessoa é através da agressão ou da submissão.
Outra parafilia frequente é o fetichismo, na qual para obter a excitação sexual, é necessário a utilização de um objeto inanimado como uma peça de roupa íntima ou um sapato. Estou falando de uma condição sem a qual não se consegue a excitação sexual, muito diferente da utilização de “lingeries sexys” comumente empregadas como um incentivo a mais na relação. É uma patologia frequentemente ligada à ausência traumática da mãe, e o objeto fetiche serve para tranquilizar e substituir a mãe não disponível.
Dentre todas as perversões, a que desperta maior aversão e desprezo por parte de quem dela toma conhecimento, é a “pedofilia”. A pedofilia é encontrada em pacientes que têm sua autoestima bem baixa e sofrem de transtorno grave do narcisismo. A atividade sexual com crianças é uma maneira de manter elevada sua frágil autoestima. No entanto, provocam dano irreparável à criança.
O tratamento de perversos é muito difícil considerando que esta é a única maneira de onde obtêm prazer e por isto não querem abrir mão dela.
Finalizando, volto a frisar que me refiro à patologia e não às fantasias até certo ponto inocentes de todas as pessoas saudáveis que as utilizam como forma de brincadeira apimentando, algumas vezes, o relacionamento a dois.
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