Iane C. Alvares
07/12/2014 | Geração Z e seus limites
Os adolescentes entre 13 e 18 anos, os chamados geração Z, são jovens com uma série de características formadas pelas consequências socioculturais do espaço-tempo em que vivemos.
Vivem conectados, não têm pressa nem para trabalhar e nem para saírem de casa, preocupando-se mais em terem o conforto e aconchego da casa dos pais do que conquistarem a autonomia, como era a preocupação maior das gerações anteriores.
Não sabemos exatamente o que virá, como serão estes como adultos ou como pais da próxima geração. Também temíamos o futuro quando a geração hippie começou a falar em liberdade e em não reprimir. Mas aqui chegamos, uma geração sucedendo a outra, cada vez com mudanças mais rápidas.
Tem uma característica da geração Z, entre tantas, que me intriga e que escolho para comentar. Esta é, acredito eu, a consequência de 3 facetas do mundo em que nasceram que se convergem para um resultado em especial: falta de limites em vários sentidos.
A primeira faceta é o fato de estarem constantemente conectados nas redes sociais, onde as relações afetivas ocorrem no virtual, sem limites, com um certo distanciamento do mundo real. Pode-se ter qualquer idade, ser feio ou bonito, dizer tudo que se pensa, andar por caminhos imaginários, contar qualquer história...tudo muito imediato, sem um ou dois minutos para pensar.
A segunda faceta: cresceram em um país onde os limites e a ética estão cada vez mais inexistentes, com governantes aparecendo, constantemente, como pessoas não confiáveis e corruptas. As figuras de autoridade foram perdendo a importância, pouco ensinam, e eles, os adolescentes, não rodam mais no colégio, mesmo sem estudarem; se roubarem, e forem pegos, é só devolver ou ficar tudo por isso mesmo; se contam uma mentira na internet, viram heróis.
Então, acham tudo muito natural, já que todo mundo faz e, quando são questionados, não entendem o motivo do estranhamento. Se identificam com estas figuras, ao mesmo tempo que não se envolvem em política ou vida pública, como num paradoxo.
A terceira faceta que leva os da geração Z a não terem limites de uma maneira geral é que nasceram em lares onde pais trabalham muito, pois têm que dar conta de gastos e desejos ilimitados. Estes pais não sabem dar-se limites e nem exigir limites de filhos, ficando borradas as diferenças entre adultos e crianças/adolescentes, entre pais e filhos, já que os pais são amigos e não autoridades no lar, colocando-se de igual para igual com os filhos.
Os adolescentes ficam em casa, sem cooperar nas tarefas do lar, sem dedicação aos estudos. Em suma, fazendo o que querem na hora que querem. Passam grande parte do tempo viajando na internet, e aí, voltamos ao primeiro item: vivendo num mundo virtual e sem limites.
A facilidade na qual vive esta geração, faz com que se preocupe mais em aproveitar a vida do que em mudar o mundo. Nas gerações anteriores, havia um grande investimento nestes dois aspectos. O adolescente queria melhorar o mundo. Por que esta geração não se empenha nisto? Já vivem em um mundo ideal, mesmo que virtual? Longe disto. São “obrigados” a serem felizes, devem ter o corpo perfeito e, para serem aceitos no grupo da rede social, terão que ter muitas, mas muitas curtidas em suas postagens. Talvez possamos dizer que não conseguem distinguir bem o que é ideal do que é o possível, justamente por esta falta de limites que os afasta da vida real.
Claro, tudo isto é uma generalização. Nem todos os lares são assim, é apenas uma tendência. Mesmo assim muitos dos que lerem pensarão que sou do século passado, e sou mesmo; e que não entendo o que se passa, mas, acreditem, me esforço para entender.
Apesar de tudo isso, tenho muita esperança no ser humano. Acredito que estamos começando a usar partes do nosso cérebro ainda sem uso nas gerações precedentes. A tecnologia está fazendo com que nosso biológico/fisiológico e nosso emocional evoluam tão rapidamente que dificulta que uma geração possa acompanhar a outra.
Vamos encontrar modos de viver diferentes, talvez nem melhores e nem piores, mas diferentes.
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