Iane C. Alvares


16/11/2010 | Quem procura mais por psicoterapia, o homem ou a mulher?

A resposta a esta pergunta não abrange apenas o gênero masculino ou feminino, mas também encontramos variáveis conforme a idade e a época.

No final do século passado, os psicoterapeutas infantis recebiam mais meninos do que meninas, e os psicoterapeutas que se dedicavam ao adulto, recebiam mais mulheres do que homens. Esta situação tem mudado nos últimos anos.

Há 20 anos atrás, os meninos eram mais encaminhados porque seus problemas apareciam na forma de sintomas que incomodavam muito os pais e os professores, tais como: agressividade e brigas na escola, enurese e desafios à autoridade em casa. Estes sintomas eram menos tolerados do que os que geralmente as meninas desenvolviam e faziam com que os adultos responsáveis pela criança se preocupasse e buscasse ajuda de um profissional.

As meninas daquela época reagiam a suas dificuldades mais com timidez e retraimento. Desta forma eram atitudes que pouco preocupavam seus cuidadores, ao contrário, eram elogiadas por serem comportadas. Não estou querendo dizer que apenas os meninos eram brigões e agressivos, mas que eles reagiam mais desta maneira do que as meninas.

Uma professora, por exemplo, com 40 alunos em uma sala de aula, incomodava-se mais com aquele que provocava brigas e agitava os colegas do que com a menina tímida e quieta em seu canto.

Hoje em dia, a sociedade está mais alerta aos problemas emocionais que atingem meninos e meninas, e, desta forma, a procura por atendimento psicoterápico tem sido equilibrado.

Já nos consultórios de especialistas em tratamento com pacientes adultos, a procura era bem maior por mulheres, ao contrário do que se via com crianças. Acredito que este fato se dava por serem elas mais sensíveis e emotivas, valorizando mais o ser e o subjetivo; enquanto eles dedicavam-se mais ao fazer e ao objetivo. Sendo assim, elas procuravam terapia quando sentiam alguma dificuldade e gostavam muito de ter alguém com quem pudessem falar sobre seu mundo interno. Já os homens, apenas tomavam a iniciativa de procura quando sentiam que não podiam mais “administrar” seus conflitos.

Esta situação vem mudando bastante. Por um lado eles têm deixado vir bem mais seu lado emocional, não temem deixar de serem homens ao tornarem-se mais afetivos e emotivos. Já não se diz que homem não chora.

Paralelamente, as mulheres estão cada vez mais preocupadas com a carreira e a vida econômica, tendo menos tempo para as dificuldades emocionais e seu lado mais “ser”.

A busca de atendimento atualmente está equilibrada no tocante ao gênero. O pensar em si, o analisar seus sentimentos e emoções não torna ninguém menos homem ou menos mulher, mas torna bem mais humano.


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