Fábio B. Salvador
27/12/2015 | As redes sociais vão matar a internet
Hoje em dia, quase todo mundo tem um Facebook, e/ou Google+. São redes sociais, são legais, divertidas, e nelas podemos encontrar velhos amigos e exibir os melhores momentos de nossas vidas. Ninguém aqui está dizendo que elas são ruins ou que não devem ser utilizadas.
Mas elas estão acabando com a lógica original da Web.
Quando essa onda da Internet começou, havia um universo a ser construído, e todo mundo colocava um blog ou site no ar. Aliás, pouca gente sabe, mas o primeiro blog brasileiro entrou no ar em 1997, pelas mãos de uma menina aqui de Viamão.
O mundo online surgiu como sinônimo de liberdade e diversidade. E por muitos anos foi assim: milhões de sites, variados, com links uns para os outros.
Os grandes grupos de comunicação até montaram seus sites, e os divulgaram em outdoors e nos seus jornais, rádios e TVs tradicionais, ganhando grande audiência. Mas nem de longe havia qualquer ordem, qualquer força capaz de dizer o que iríamos ler ou não.
E aí vieram as redes sociais. O Orkut nunca ameaçou a ordem das coisas. Mas o Facebook e seus concorrentes, sim.
A tendência é que ele absorva tudo para dentro de si. Por exemplo, links externos têm menos visibilidade que textos e fotos postados diretamente dentro da rede, já para encorajar uma navegação 100% dentro dela (a não ser que paguemos para "impulsionar" as publicações). Vídeos foram incorporados. O ideal é que toda a interação do usuário seja através do Face.
Uma pesquisa conduzida nos EUA apontou que mais de 45% dos jovens acreditam que o Facebook É A INTERNET. Ou seja, jamais abrem outro site.
Some-se a isso o fato de que o algoritmo do "feed de notícias" do Facebook nos exibe posts sobre assuntos nos quais normalmente clicamos (contribuindo para que desenvolvamos uma visão cada vez mais parcial e obsessiva da realidade), e está pronta a meleca.
Enquanto as pessoas passam mais e mais tempo apenas dentro das redes sociais, sites vão sumindo. A blogosfera, que já foi a máxima expressão da diversidade na rede, vai ficando às moscas.
A Internet está, aos poucos, sendo centralizada. O mundo virtual é, para cada um, aquilo que a rede social X quiser que seja. E esta, exibe aquilo que seus anunciantes quiserem e pagarem. Muito pouca gente detém, cada vez mais, o poder de moldar corações e mentes.
Não que isso seja o fim do mundo. Mas é decepcionante. Aproxima demais o mundo virtual da lógica hierarquizada, controlada, regida pelo poder e o dinheiro, que vemos nos veículos de comunicação e na sociedade tradicionais.
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