Fábio B. Salvador
17/03/2016 | Sobre mares e navios
Tenho um medo terrível do mar. Não no verão, pois adoro praia. Tenho um sentimento de pavor quando imagino o fundo do mar, sombrio e habitado por monstros, ou a sensação de estar em uma embarcação, cercado de água por todos os lados. Sinto o mesmo quando, por descuido, corro o mouse sobre o Google Maps e acabo com uma tela azul, sem terra à vista.
Mesmo assim, o mar me fascina. Motivos navais me fascinam. Espíritas dirão que já fui um marinheiro, e psicólogos apontarão associações subconscientes – tive um bisavô que morreu aos cem anos, após passar a vida toda na Marinha. Prefiro não buscar explicações com medo de, explicando, perder este gosto prazeroso por histórias marítimas e filmes de pirata.
Automóveis e aviões são modernos demais para habitar a mitologia e as lendas. Os navios são diferentes, recebem nomes, têm histórias e tornam-se endereço de pessoas por muitos anos. Existem certidões de nascimento que indicam como local de origem o mar.
O mar é o palco de lendas como as do Holandês Voador, do Nautilus e da caça a Moby Dick. De histórias reais inacreditáveis, como a valentia dos marujos do Potemkin ou a sorte dos amotinados do Bounty.
Fantasmas habitam o mar.
Segundo alguns relatos, o capitão do Titanic teria sido visto acenando, estoicamente, pouco antes de o navio desaparecer de vez nas águas do Oceano Atlântico. Há algo de belo nisso.
Morrer no mar, afogado, à deriva, deve ser terrível. Mas é poético, já sabia Dorival Caymmi. Aliás, Luis de Camões quase morreu no mar salvando sua obra, uma ode à aventura marítima portuguesa.
Gosto de escutar o som do mar à luz da lua, contemplar sua infinitude.
O mundo é um imenso oceano – dizem que a vida veio dele, e que por ele será tragada.
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