Fábio B. Salvador


29/01/2016 | Todo mundo precisa ter um horizonte positivo para perseguir

Uma criança, na beira da praia, às vezes empolga-se com a ideia de construir o maior castelo de areia que puder. Mesmo sabendo que ele não ficará ali para sempre nem significará nada para quem não entende a alegria de construí-lo.

Eu tenho um sobrinho adolescente e, sempre que possível, tento instigar um certo pensamento sobre a existência humana. Ele é inteligente o bastante para isso.

Nessas férias, caminhando na beira da praia, contei a ele por quê eu escrevo. O que espero alcançar com isso. E eu disse a ele que pretendo fazer a diferença. Alcançar algum reconhecimento, dar entrevistas, ver filas se formando em uma noite de autógrafos. Ser comentado e servir de referência e ponto inicial para debates interessantes.

Ele achou o objetivo meio fútil. E, de fato, é.

Provavelmente a fama não seja o glamour e a maravilha que eu imagino. Provavelmente sentirei necessidade de algo mais, quando chegar lá. Provavelmente não será o fim, a apoteose, o "the end" definitivo que sobrevém ao final dos filmes.

É um horizonte. O horizonte, por definição, é algo inalcançável: quando o navegador chega ao lugar onde a terra parece encontrar-se com o mar, a linha parece mover-se para mais adiante.

Mas quer saber? É preciso sonhar com o horizonte. É ele que leva o navegador a lançar-se ao mar, a descobrir novas terras, a viver novas aventuras.

A fama literária pode ser um objetivo perfeitamente vazio. Mas ele me leva a escrever, a ler, pesquisar, procurar, estar sempre ativo. Acaba me levando, por puro entusiasmo, a participar de outros projetos. Dá um brilho a mais à vida.

Se eu não sonhasse com isso, eu seria apenas um burocrata carrancudo, e você não estaria lendo este artigo.

Eu poderia ter outro projeto. Qualquer um poderia ter um projeto qualquer. Você pode ter um. Montar uma banda e gravar um álbum. Fazer um filme. Viajar a tais e tais lugares. Aprender alguma coisa legal. Ter destaque em algum esporte. Não sei. Não importa.

Uma vez, conheci um sujeito cujo grande sonho era comprar um terreno grande o bastante para ter sua casa, e ainda uma praça, aberta para o povo do bairro. E empolgava-se projetando o que colocaria nela.

Isso é o que eu chamo de "horizonte positivo". É um objetivo, uma coisa com a qual se sonha, uma luz que, por vezes, será a única a iluminar seu caminho quando a estrada estiver escura demais. E será o farol a te manter em um rumo quando tudo parece confuso.

Fiz questão de colocar a palavra POSITIVO no termo, porque é perfeitamente possível viver impulsionado por um "apoio negativo". Uma ideia do que a gente NÃO quer.

O que NÃO queremos é uma rejeição. Embora seja, de alguma forma, uma força de impulsão, é algo negativo. Não é um horizonte a perseguir.

Pare e pense. Mas esqueça o "pensar" que usamos para os planos práticos, de sobrevivência e trabalho. Pense como uma criança pensaria, sem essa obrigação de sonhar realista, nem de sonhar sonhos socialmente aceitos.

O que te faz sonhar? Qual o objetivo que te motiva a fazer alguma coisa que é boa para ti? Pense nessa coisa que tem o poder de te fazer vibrar e ter vontade de vida.

Como uma criança na beira da praia, que esmera-se em construir um grande castelo de areia, vai elaborando torres, janelinhas e fossos, sem preocupação alguma com a permanência dele, ou com o valor prático daquela "obra". Apenas empolgar-se e construir é a verdadeira brincadeira.

As pessoas, com medo de parecerem ingênuas ou de se decepcionarem, deixam de ter esse tipo de sonho. Ora, a vida é curta. Permita-se.


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