Fábio B. Salvador


12/09/2017 | Os crimes homofóbicos no Brasil são uma farsa?

Benjamin Disraeli, Conde de Beaconsfield, já dizia que existem três tipos de mentira: “as mentiras, as mentiras terríveis, e as estatísticas”. Existem movimentos sociais, partidos políticos e até consensos mundiais sobre temas, totalmente baseados neste terceiro tipo de embuste.

Em meu último artigo neste espaço, lembrei de um amigo que, além de candidato folclórico do antigo PRONA e jornalista, é escritor. Então, agora, vou falar do livro mais recente de sua autoria. Este livro está disponível na internet (já que nenhuma editora teve a coragem de publicá-lo). No final do texto, darei o link.

A história começa há alguns anos. Era 2014. Este meu amigo tinha um volume pronto nas mãos e não encontrava um artista que se dedicasse (e tivesse coragem) de dar uma capa à obra. “Deixa comigo”, eu disse, e desenhei uma capa para o volume. Assim, tive a chance de ser um dos primeiros leitores de “A farsa dos crimes homofóbicos no Brasil”, um trabalho de imensa paciência e meticulosidade.

Basicamente, ele pegou a lista de crimes contabilizados pelo Grupo Gay da Bahia (e que serve de base para todas as estatísticas sobre crimes homofóbicos no país), e foi atrás dos detalhes de cada um deles. Dos mais de 300 assassinatos, apenas 9 puderam ser considerados, sem dúvida, crimes por preconceito aos LGBTs. A maioria, inclusive, caiu na categoria “gay mata gay”. Crimes passionais, disputas por dinheiro, brigas de bar. Até suicídios.

É incrível que uma contagem tão obviamente forçada, tão claramente falseada, surja como verdade absoluta e paute não só o discurso dos “movimentos sociais” mas também a conduta de políticos, a imprensa (que deveria checar os dados que alardeia), e a própria noção de “discurso aceitável” de toda a sociedade.

É um tapa na cara da esquerda, e também da direita. Um tapa para acordarmos. Como primeiro leitor, fui também o primeiro cético em relação às afirmações do autor. Mas contra fatos, não há argumentos. É tudo muito óbvio.

Dário não é um Olavo de Carvalho. Não é um filósofo, um profeta das coisas profundas que ninguém mais vê. Ele é um operário da informação, um sujeito que trata o noticiário como quem escolhe feijão: vai separando o grãos bons das pedrinhas e impurezas. Qualquer um, de inteligência mediana, poderia ir atrás das coisas que ele descobre, mas ele é quem tem a paciência e a determinação para isso. E mais do que isso, a coragem de tentar publicar o que descobre. Mesmo que isso renda-lhe a fama de maluco, folclórico e maldito de que “desfruta”.

Resolvi falar sobre esta obra, que tem uns três anos de idade, porque seu livro anterior, “É Proibido”, antecipou em 12 anos um movimento que tomou agora forma de projeto de lei, de autoria do deputado Eduardo Bolsonaro. Talvez daqui a 12 anos estejamos discutindo também o desmascaramento das estatísticas, iniciado neste livro.

Clique na imagem para o download em PDF:


A Farsa dos Crimes Homofóbicos no Brasil - Jornalis Dário Di Martino


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