Fábio B. Salvador


15/08/2017 | Relevância é a palavra do momento

Vou iniciar este artigo falando do passado. Gênesis. “No princípio era o verbo”, ou melhor, a web... e o grande problema das pessoas e das empresas era colocar conteúdo no ar. Tudo era tosco e experimental. Como havia pouca coisa para se ver, tudo recebia atenção.

Nesta primeira fase, a coisa mais importante para uma empresa era ter, em seus quadros, gente capaz de desenvolver sites que funcionassem. O que não era fácil: sem padrões W3C, os navegadores não se entendiam e escrever HTML era quase um exercício de clarividência.

Esta mentalidade do “basta termos bons técnicos e estaremos à frente” acabou impressa nas mentes das pessoas. Óbvio: o desafio era achar um sujeito que soubesse botar (qualquer) coisa no ar.

O problema é que, como qualquer professor de História poderia explicar-lhes, o tempo não para.

A web inundou-se de empresas e de conteúdo. As pessoas passaram a ter muito mais opções disponíveis. Vieram os mecanismos de busca. Surgiram e morreram “tendências” como, por exemplo, os famigerados sites “100% Flash”, animados, pesados e leviatânicos.

E aí, de repente, temos as redes sociais. Inicialmente, elas só eram usadas pelas empresas e pessoas públicas como meios de divulgação de seus próprios sites. O conteúdo oferecido nelas era formado apenas por links para o site próprio da marca. O esforço continuava a ser centrado no tal site – estes, cada vez mais completos e complexos, exigiam malabarismos técnicos para ganhar velocidade e um aspecto atraente.

Até que as redes sociais, finalmente, passaram a ser vistas, não como “um”, mas como “o” espaço para o conteúdo oferecido e as publicidades. Uma coisa curiosa é que, hoje, os sites próprios das empresas e celebridades tendem a ser MAIS SIMPLES do que eram há dez anos atrás. Opta-se por deixar neles os produtos e as informações permanentes, relegando o “imediato” aos posts no Facebook e assemelhados.

Incrivelmente, apesar de todas as transformações dos últimos vinte anos, o comportamento de muitos empresários e figuras que dependem do contato com um grande público ainda é aquele dos anos 1990: contratar grandes escritores de código, e jogar dinheiro para fazer o site da marca aparecer.

Estamos na Era do Conteúdo (não, esta não é uma expressão amplamente aceita – mas descobri que ela está se tornando comum).

Você pode ter os melhores técnicos (isso ajuda, não tenha dúvidas), você pode gastar toneladas de dinheiro comprando "alcance" para suas postagens nas redes sociais. Nada disso adiantará se o conteúdo oferecido for irrelevante, sem criatividade.

Existem enxurradas de dados, promoções e marcas. Você precisa dar algum motivo para que as pessoas passem a te seguir. Mais do que alcance, o grande "santo graal" destes novos tempos é a relevância, e com ela, a permanência do público. É o que faz as pessoas não apenas te verem uma vez, mas te “seguirem”, voltando outras vezes.

Os três pilares da relevância de uma marca neste ambiente são: a novidade (é preciso periodicamente oferecer algo que mantenha o público cativo interessado), a identidade (o que você significa, algo pelo quê as pessoas se afeiçoem, um diferencial), e a acessibilidade (você vai ter perfis em redes sociais? Em quais? Vai lançar um app próprio? Ótimo, mas precisa ser funcional).

No final, repito as duas regras de ouro válidas para agora e para sempre: seja verdadeiro (em um mundo interligado, a mentira tem pernas curtíssimas), e mantenha-se atualizado. Tudo o que eu disse aqui poderá não valer daqui a poucos anos. O mundo gira. Cada vez mais rápido, alias.


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