Fábio B. Salvador


22/08/2017 | A nova invasão bárbara

Boa parte dos brasileiros descende de portugueses, espanhóis, italianos, alemães, poloneses...

Pois bem: entre os séculos XII e XVI, portugueses e espanhóis travaram uma luta terrível para tomar a Península Ibérica dos muçulmanos vindos do norte da África. Enquanto isso, nos Bálcãs, austríacos e poloneses lutavam ferozmente para impedir a invasão otomana da Europa. Itália e Grécia lutavam no Mediterrâneo, nessa mesma frente de combate.

Milhares de nossos antepassados lutaram e morreram para salvar a civilização ocidental, herdada dos grandes gregos e romanos da antiguidade.

Não era uma luta irracional.

O grandioso Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino, havia sido um centro efervescente de ideias, arte e cultura. Levara os valores humanistas, a ciência e a infraestrutura romanas até o Egito, Israel, e outras partes remotas do mundo de então. E no final do século XV estava em ruínas, eventualmente caindo nas mãos dos turcos otomanos - que aliás, até hoje não devolveram Constantinopla, hoje chamada Istambul.

Enfim. Nossos antepassados lutaram como puderam.

Pouca gente sabe hoje, mas em um determinado momento do século XVII, a civilização ocidental esteve por um fio de ser destruída. Os turcos chegaram a atacar a cidade de Viena - sim, Viena, na Áustria, aquela cidade onde viveu Sigmund Freud.

Foi o rei da Polônia que, contrariando todo o bom senso, lançou uma carga de cavalaria que desbaratou os invasores. Os austríacos então deram seguimento à ofensiva, e libertaram a Hungria. E assim seguiram-se as lutas na Bulgária, Romênia, etc.

Os últimos europeus a livrarem-se da tirania otomana foram os albaneses, e isso foi em 1912.

E para quem pensa que esta é uma história branca, sobre homens brancos, contada por um homem branco, fica apenas um dado: mais ou menos na mesma época da Batalha de Viena, um episódio não menos épico aconteceu na África: os etíopes (que eram cristãos) resistiram bravamente ao avanço do Sultanato de Adal.

Resumindo: os Estados islâmicos (seja sob bandeira árabe ou otomana, ou a que for) sempre foram desenfreadamente expansionistas. Como uma praga. Tentaram escravizar praticamente todos os povos da Eurásia e norte da África.

Milhares de nossos antepassados deram suas vidas para expulsar os bárbaros vindos do Oriente Médio. Muitos outros milhares - milhões - sofreram todo tipo de atrocidades nas mãos deles.

E não estamos falando apenas de grandes monarcas nesta luta. A pequena República de Veneza teve nada menos que três grandes guerras pelo simples direito de existir.

Nós, "serumaninhos" moderninhos, cheios de liberdades e de informação, devemos tudo a esses valentes do passado - ou alguém aqui gostaria de viver como se vive no Irã, ou nos domínios do Estado Islâmico?

É incrível que agora vejamos certos "intelectuais" e seus seguidores pregando que se abram fronteiras, mudem-se leis, que sejamos "culturalmente sensíveis" e deixarmo-nos dominar, fabianamente. Que, em nome do politicamente correto, sejamos colonizados. Que nós nos adaptemos às regras daqueles mesmos caras que, no passado, tentaram nos devorar enquanto civilização.

Mas nem tudo está perdido. Há uma nova Batalha de Viena em curso, uma nova Batalha de Lepanto. Ela se dá na imprensa, nas escolas, nas redes sociais, na política. E enquanto houver um "insensato", um "reacionário" disposto a lançar-se ao combate, haverá esperança.

"Eu vim, eu vi, Deus venceu!"
Jan III Sobieski - rei dos poloneses


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