Fábio B. Salvador
06/12/2015 | O que podemos aprender com o caso Jardel
Jardel nunca foi líder sindical. Jardel nunca foi de movimento algum. Jardel nunca foi líder empresarial. Jardel nunca convocou uma passeata. Jardel nunca foi ideólogo. Acho que nem foi idealista. Jardel era jogador de futebol. E aí, um dia, virou político.
Agora, acharam um monte de maracutaias em seu gabinete. Está tudo no noticiário, em letras garrafais. Em meio a toda a onda de indignação que varre o Rio Grande, descobrimo-nos em meio a escândalos monótonos:
Primeiro, as mutretas. Jardel não será o primeiro político da história brasileira a pegar uma "beirada" dos salários de seus assessores. Na verdade, a prática do "rached" é tão comum quanto o ar dentro das Casas Legislativas por aí. Já vi caso de políticos em Brasília mantendo um escritório no Estado natal, financiado com “beiradas” dos salários oficiais. Portanto, nada novo.
Segundo, diárias de viagem. Só a Velhinha de Taubaté pensa que Jardel está sozinho nessa. Sempre há um curso a fazer, de preferência no verão, de preferência em alguma praia. Comenta-se que um hotel em Brasília, muito procurado, possui acesso subterrâneo a uma "casa de diversões" nos fundos, cheia de "moças solícitas". Alguns amigos dizem já ter ido lá.
Para piorar, a bomba: Jardel teria empregado uma prostituta como assessora. Sexo e política andam juntos. O horário maleável, as salinhas fechadas, tudo contribui. Dizem que o poder é afrodisíaco. Ande em uma Assembleia ou em uma Câmara de Vereadores. Quase sempre haverá aquela moça linda e tonta em um gabinete (que ninguém sabe para quê está ali), as fofocas sobre "entrevistas" de recrutamento, as risadinhas. Parlamentares cercados de "chacretes". Tem de tudo. Daria para escrever um livro. Em vários e vários volumes.
Jardel obviamente não é um santo. Como político, ignoro suas ideias, se é que as tem. Que o investiguem. Mas que jamais digam que ele foi inovador. Está fazendo aquilo que todo mundo - até a Velhinha de Taubaté - sabe que muitos, em vários níveis, em vários lugares, têm feito desde sempre.
O problema, no entanto, é anterior a isso tudo.
Segundo as escutas Jardel seria grande comprador de drogas. Um viciado. Quem o recrutou, o partido que o acolheu, os filiados que na convenção escolheram seu nome, ninguém sabia? É quase certo que sabiam. E sabendo, o aceitaram. Certamente porque, sendo um jogador famoso, seria um belo "puxador de votos". E é só isso que importa na política.
Como ele, mas com menos escândalo e talvez sem "cheirar pó", temos muitos. Bons de papo, sem ideologia clara, sem um programa consistente, mas famosos, ou então com uma facilidade imensa de fazer dinheiro de campanha surgir, aparentemente, de Nárnia. E são esses que os partidos escolhem. E que os eleitores escolhem! Esses são os modelos e os ídolos. As "salvações" das nominatas!
Jardel pode ser um problema. Pode ter problemas. Mas ele é, antes de mais nada, um sintoma. O sistema, a política, a sociedade está doente.
O Deputado e ex-atacante do Grêmio Mário Jardel, alvo da Operação Gol Contra, do Ministério Público.
Foto: Wilson Cardoso / Agência Assembleia
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