Erner Machado
28/01/2013 | O Beijo da Morte.
Todos os dias, as mídias dão noticias de que jovens, adultos e velhos são objeto de mortes, em nosso pais, nas mais variadas circunstancias.
A morte vem em conta gotas e cumpre a sua missão em situações e números que tomam condição normalidade estatística.
Sorrateira, discreta, traiçoeira e silenciosa a morte atua no mesmo espaço do cenário onde se apresenta a vida.
A morte embora poderosa e fatal não é a atriz principal e a vida, independente dela, continua sendo a protagonista luminosa, promissora e bela.
Mas tem dias em que a Morte assume a autoria, o roteiro, direção e encena a peça. Nestes dias o riso some, a alegria desaparece, a dor se faz presente, e a orquestra executa musicas fúnebres e as lágrimas emolduram os rostos contemplativos, tristonhos e sem esperanças dos expectadores que, embora não tenham comprado entrada, são obrigados a assistirem a tragédia que se encena, no mesmo palco que há pouco segundos a vida se desenrolava.
Em Santa Maria, cidade dos jovens, o nome do teatro era KISS e lá era levada, a peça da vida de quase ou mais que dois mil jovens alegres, felizes, bonitos, moços e moças com sonhos ainda sendo escritos e com vidas ainda em fase de roteiro.
A vida encenava a sua peça na qual continham-se comédias e tragédias individuais que, coletivamente, se transformavam em momentos únicos de felicidades, confraternização, euforia e amor. Não sabia, a vida, que subliminarmente o alfanje da morte reuniria quase duzentos e cinquenta moços e moças para, ao encurralá-los inertes e incapazes para aplicar-lhe um beijo.
Definitivo Beijo. E, abruptamente transporta-los do texto que encenavam, para trocarem de cenário, de figurinos, de roteiro e, encerrando as cortinas da vida, executarem peça da Morte. E, inertes à manifestação da plateia, continuarem atuando silenciosos e frios encantados, como nos contos de fadas, pelo cálido carinho e pelo beijo da morte.
O Kiss, do inglês, tão distante de nós gaúchos e brasileiros, foi traduzido em, Santa Maria, pelo Beijo apaixonado da dor, da tristeza, da impotência e da irrealidade que fizeram presentes nas mortes destes jovens.
Não há como achar palavras que possam amenizar a dor que aflige nossos peitos pelos dramas das famílias enlutadas das quais, todos nós somos, somos pais, mães, avós, filhos e irmãos pois, como eles sentimos, as mesmas dores diante de perdas tão valiosas.
Fica um vazio, um não é verdade, um não é possível, fica uma incapacidade de estabelecer uma lógica para o fato, fica uma tristeza imensa que se estabelece em nós, ficam pássaros voando quando queríamos que eles ficassem contemplando os jardins, ficam mãos separando-se em definitivo adeus, ficam olhos lagrimando, ficam vozes contidas, ficam bocas famintas por palavras.
Tudo isto fica, mas fica a realidade fatal que o Beijo da morte quando chega triunfa e reina absoluto e nos faz mais tristes, mas infelizes e mais solitários e menores...
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