Erner Machado
09/07/2013 | ANDERSON SILVA, os Campeões também perdem...
Apaixonado por boxe, desde os tempos de guri em Rosário do sul, acompanho com grande expectativa todos os combates.
A primeira vez em que vi um favorito perder, aconteceu no Estádio do Atlético Swift Internacional, na época em que minha cidade tinha, dentro do CMD, um Departamento de Boxe em que o presidente era o Nelson Conde Severo e eu, era o Tesoureiro.
Isto foi, mais ou menos, lá pelo ano de 1967. O duelo foi entre o Doaldo, funcionário do Banco do Brasil, que era um jovem de exuberante forma física resultante da prática de Halterofilismo e o Nêgo Jorge, que possuía uma forte compleição física decorrente da sua atividade de tocador de bote, carregando areia, contra a correnteza do Rio Santa Maria.
O estádio cheio, gritava o nome do Doaldo e, ao entrar no ringue, o Nêgo Jorge recebeu efusivas vaias.
Começada a Luta, no primeiro minuto, o estádio todo viu o Doaldo levar um soco embaixo do queixo e ser arremessado por cima das cadeiras onde encontravam-se sentados os Juízes, em um plano mais baixo, na lateral do Ringue.
Me lembro que um dos Juízes era o seu Nequinho, presidente do Sindicato dos Industriários.
O Doaldo perdeu com dignidade e o Nêgo Jorge, entrevistado disse que não quis machucar o moço!
Depois deste memorável momento vi inúmeras lutas de boxe que marcaram minha vida. Vi Mohamad Ali, em Kinshasa, ganhar do George Foreman e vi Joe Frazzer, humilhar o mesmo Mohamad Ali e arrancar-lhe o cinturão dos pesados. Vi o Ali recuperar o seu cinturão e estabelecer um novo marco na História do Boxe.
Vi Suggar Ray Leonard recuperar seu titulo e, perdê-lo. Vi todas a lutas do Myke Tyson e com seus fulminantes nocautes se tornar uma lenda da nobre arte. E vi, numa noite singular, ele perder seu titulo para um boxeador de menor expressão. O vi tentar retornar e ser humilhado por Evander Hollyfield.
Vi com entusiasmo, quase juvenil, todas as lutas do nosso Adilson Maguila Rodrigues. Assisti, triste ao fim dos seus sonhos, derrubado que foi pelo Evander Hollyfield.
Com o surgimento do MMA (Mix Marcial Arts) o boxe foi, aos poucos, sendo substituído por esta nova modalidade e vi surgirem campeões brasileiros, como Vanderlei Silva, Victor Belfort, Minotauro, Junior Cigano, Fabrício Verdun e o mais brilhante de todos, o nosso Anderson Silva.
Canalizei toda a minha paixão para este novo esporte e levei junto o meu filho André Luiz a tornar-se, por ele, também um apaixonado.
Em todo este tempo que assisto boxe e, agora, MMA chamou-me a atenção a dignidade, o profissionalismo, o respeito, a consideração e a deferência com que se tratam, entre si, os contendores desta nobre e apaixonante arte.
Esta arte só se mantém, concluo, quando é tratada com dignidade. A dignidade é o seu motor e é a sua vida. Para confirmar, o que digo, quem assistiu o Combate em que Anderson Silva, perdeu o cinturão de Campeão dos Meio Médios do MMA, não assistiu somente a um espetáculo mas, presenciou a derrota da Arrogância, do Convencimento, do Desprezo pelas qualidades técnicas, do Desrespeito pelo Adversário, da Soberba e da Molecagem.
O nosso Campeão com um comportamento infantil e totalmente irresponsável tentou ridicularizar, diminuir, debochar do oponente. Levou um golpe justo, foi ao solo e nocauteado entregou-se, irremediavelmente à derrota e a humilhação.
Que, este combate histórico, possa servir para uma profunda reflexão comportamental no nosso Ídolo de forma a que revise suas atitudes e retorne, como desafiante, a caminhada para retomar o seu lugar.
E para nós, também, seja uma lição que nos afaste das ilusões pretensiosas de que as conquistas são eternas.
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