Erner Machado
19/11/2017 | Bandeira do Brasil
Ao te saudar, Bandeira de minha Pátria, eu quero retornar no tempo e no espaço e me encontrar criança na minha Rosário do Sul.
Naquele tempo, nos feriados nacionais tu eras hasteada, pela cidade toda, nas repartições públicas, nas casas de comércio, nas escolas e pintavas todas as ruas com as tuas cores que encantavam os meus olhos tão pequenos.
Nas festas nacionais, então, nem se fala! Tu eras a rainha e ocupavas com a tua presença todos os lugares.
Na grande festa da Independência, tu eras guardada na praça principal, desde o dia primeiro de setembro até ao fim do dia 7, quando os acontecimentos em homenagem à Pátria, que tu simbolizavas, tomavam caráter apoteótico.
No teu dia, ah no teu dia.
Tudo neste dia girava em torno de tua presença.
Quando às primeiras horas da aurora tu começavas a subir ao mastro, a cidade toda cantava o teu hino e uma estranha musicalidade tomava conta de todos.
Havia desfiles em tua homenagem, saudações, honras militares te eram prestadas e, ao passar por ti, mesmo os mais velhos da cidade tiravam o chapéu em respeito ao que tu representavas.
Ao cantar o teu hino, se colocava a mão direita no peito para dizer, silenciosamente que tu estavas, também, desfraldada nos campos do coração dos homens, das mulheres e das crianças.
Minha bandeira, quanto tempo se passou e quanta coisa esse tempo mudou.
Hoje como é difícil te ver tremulando ao vento.
És no máximo, presença em poucas instituições, últimos redutos, aonde se sabe, ainda, o teu valor.
No entanto, minha Bandeira, eu sei que tu compreendes que o descaso ao qual estás relegada é uma projeção, ampliada, do descaso ao qual está submetida a Pátria que tu simbolizas.
Somos, hoje, por um processo de degradação generalizada e secular um povo sem sentimentos de civismo, sem consciência de nacionalidade, sem amor a nossa terra e sem perspectivas!
Somos hoje um povo que se acostumou, pelo convívio, permanente, com a inversão de valores, a aceitar a submissão de consciência, e a escravidão moral, que nos tem conduzido para uma cidadania de segunda classe.
Não é de estranhar, minha bandeira, que tu não estejas presente, como no passado, nas escolas, nas ruas, nas repartições públicas e no coração de todos os brasileiros.
No entanto minha bandeira, como dizia CASTRO ALVES, nosso poeta maior: “Tu és o auriverde pendão da minha terra, o Estandarte que à luz do sol encerra, promessas divinas de esperança...”
E tudo minha bandeira, nos roubaram. Mas não nos roubaram as promessas, as esperanças. Que mesmo sendo promessas, haverão de conduzir o povo do Brasil, com o seu sofrimento, com as suas dores e com as suas lágrimas e independente de todas as dificuldades, para a construção de um grande país, onde não mais sejamos escravos ou senhores, pobres ou ricos, brancos ou pretos, intelectuais ou analfabetos, mas, todos iguais e todos irmãos, filhos do mesmo solo e unidos sob a mesma a mesma crença.
E esse dia, minha Bandeira, haverá de chegar mais rápido do que imaginam aqueles que nos mantêm escravizados pelas mais horrendas correntes que o poder dominante construiu, secularmente, para aguilhoar o nosso povo!
E tu serás uma das luzes que nos conduzirás ao caminho da liberdade e da conquista de um lugar entre os demais povos e para que nunca mais percamos a nossa dignidade!!!!
E nesse dia, Estandarte maravilhoso, tu estarás nas praças, nas ruas e, ao raiar dessa nova aurora, tu serás presença obrigatória no coração de todos os filhos desta Pátria que, libertos, saberão o valor do que tu representas.
Nesse novo tempo, que se aproxima, as crianças, ao nascerem, minha bandeira, serão abrigados sob o teu pano e os velhos ao morrerem te levarão, para o túmulo, como última lembrança.
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