Erner Machado
30/07/2013 | FRANCISCO E A MULTIDÃO.
Não houve recanto do Brasil que não tenha presenciado as multidões que acorreram de vários cantos do mundo e que se somaram as multidões nacionais para, durante a Jornada Mundial da Juventude, disputarem um lugar em que pudessem ver o Papa Francisco. E, em vendo-o tentarem aproximar-se dele, olharem em seus olhos, receberem suas bênçãos e, muitos conseguirem tocá-lo, serem tocados por ele.
Outros tantos entregaram seus filhos para que a Segurança os levasse até às suas mãos, para serem beijadas e benditas por este homem nascido, no frio da Argentina, mas que demonstra possuir sentimentos fraternos e carregados de calor humano.
Acho que, para nós, este encontro teve um caráter de complementaridade. Ao Cardeal Bergoglio, ungido com o poder, com a liturgia, com o ritual de alta dignidade dos quais o cargo é acompanhado, faltava-lhe, todavia, o batismo de fogo pelo contato com aqueles fiéis que professam a sua fé.
Só este contato, só esta vivência, só o silencio das multidões, só a plasticidade das massas, só o movimento cadenciado ou a postura estática dos seguidores qualifica o Líder temporal ou espiritual para o exercício de seu mister.
Ao nosso Povo, sofrido Povo, órfão Povo, falta há muito a presença de um Líder, de um Condutor de Homens, capaz de encantá-lo e, encantando-o, levá-lo a reunir-se em milhares para ouvir uma palavra de esperança, uma palavra de conforto, uma palavra que possa significar um caminho a seguir, uma utopia a buscar, uma identidade a manifestar-se diante do presente e do futuro.
O nosso povo precisava de um Sinal, sinal este que as nossas elites intelectuais perderam no decorrer o tempo. E os que, hoje, pretensamente são nossos lideres, com certeza perderam a capacidade de encantar o povo com as propostas honestas e éticas e tentam iludi-lo com a mentira, com a desfaçatez, com traição e com a falsidade.
Quis a história que o Papa Francisco e a Juventude mundial e principalmente brasileira fossem protagonistas deste majestoso momento, completando-se de maneira singular.
O Papa tomou o vinho curtido pela emoção, pela harmonia, pela singular fortaleza das multidões. Com certeza, na sua sabedoria humilde, depois do Brasil, jamais será o mesmo.
O Povo e os Jovens do mundo e do Brasil, viveram singulares momentos, especiais momentos na presença de um Líder. E, com certeza, isto os torna outras pessoas, capazes de enfrentarem as tempestades do presente para, como navegadores esperançosos e decididos, continuarem a viagem rumo a praia do futuro que apresentar-se-á cheia de luz, de paz, de verdade, de dignidade e de ética.
Nos olhos do Papa ficarão gravadas as imagens das multidões que admiraram.
Nas suas mãos ficarão a energia dos gestos de preces que distribuiu.
No coração de cada uma das pessoas que compuseram aquelas multidões, ficarão marcados, para sempre, os momentos inefáveis que viveram e nos seus lábios o sabor agridoce das lágrimas felizes que choraram.
Ganharam os dois protagonistas. Ganhou o Papa Francisco porque consolidou, no meio do povo, a dignidade majestosa de sua caminhada. Ganhou o povo porque sabe agora, que pode existir, no seu meio, alguém que pela humildade, pela sabedoria, pela ética, pela modéstia possa se tornar, em curto prazo, um Líder que seja capaz de levá-lo para conquistar o respeito próprio, a dignidade, a ética, a paz, a liberdade e o respeito.
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