Erner Machado
16/06/2016 | Contemplando a Paisagem
Pois nestes dois últimos anos tenho feito, quase que diariamente, “ viagens” de Capão Novo a Capão da Canoa, para levar meu neto Arthur, para a escola.
Nestas nossas idas e vindas, nos divertimos olhando as paisagens a geografia da estrada, tanto no lado mar, quanto no lado serra.
Nos revezamos em identificar uma casinha nova perdida no meio da várzea, um pequeno rebanho de vacas, alguns cavalos pastando, uma pequena lagoa onde, quase sempre, tem um solitário pescador tentando iscar um lambari, um cascudo ou uma traíra, fazendo isto por divertimento ou por necessidade.
Somos apreciadores, também, da grande quantidade de árvores que tem dois lados. Ora são “florestas” de Pinus Elliottii, ou de Eucaliptos que se apresentam em rigorosa simetria formando grupos continuados, mas autônomos. Mas sempre tem, nos lugares mais limpos algum pé de coqueiro que desafia o vento e se projeta para o alto majestoso como um libelo de individualidade, liberdade e altivez....
Mas o que nos fascina, é a grandiosidade da Serra que nos acompanha à distância, margeando a geografia e nos oferecendo um espetáculo de beleza, majestade e imponência.
O que nos chama a atenção na Serra é que nunca ela está do mesmo jeito o que nos leva a crer que ela, para oferecer a nós a sua beleza, se maquia utilizando o sol, as nuvens, as árvores, as sombras e a serração, para se pintar de cores inéditas numa eterna e permanente lição de renovação.
Tem dias nos quais, nas suas bases encontra-se a cor azul escura dominando toda a sua extensão e quando se vai mudando a perspectiva de visão nota-se, nas partes mais altas e no cume, uma profusão de luz que domina toda a sua estrutura e fornece um espetáculo de singular beleza para aqueles que aprenderam a fascinar-se com as maravilhas da Criação.
Ontem regressando para a Capão Novo, presenciamos uma grande nuvem compacta e preta se sobrepondo a toda a extensão da Serra, tornando-a oculta para nossos olhos e que não nos permitia ver ou distinguir onde começava a Serra e onde começava a nuvem.
Paramos e ficamos olhando aquele estranho mistério. Um homem com sessenta e nove anos e um guri com sete anos, encantados com a majestade daquele quadro e com a grandiosidade que ele representava e que teve a capacidade de nos permitir viver um momento único de contemplação. Não sei quantos minutos ficamos ali.
Não sei se pela singularidade do momento ou pela beleza do que víamos, algumas lágrimas romperam o vidro dos meus olhos e escorreram pelo meu rosto, até serem represadas pela taipa das minhas rugas... para espanto do meu neto.
E a nuvem não saia do lugar e a serra não aparecia... lentamente recomeçamos a andar e o Arthur, rompendo o seu silencio, me disse: Vô não te preocupa.... amanhã a nossa Serra estará de volta.!!!
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador