Erner Machado
02/06/2016 | A Escola do Trabalho
Sempre achei que existem duas Escolas que formam o homem, fora de seu ambiente familiar. A Escola Formal, onde apreende as ciências e Escola do Trabalho, onde aprende a vida. Na primeira eu tive altos e baixos e recomeço, agora, já de cabeça branca a recuperar os ensinamentos que perdi nos bares da vida e nas esquinas do tempo ....
Na segunda... bem, na segunda eu obtive graduação, pós graduação e Doutorado. E foram muitas escolas e foram muitos os mestres. Em Rosário do Sul, Frequentei a escola que me ensinou a carregar areia em vagão de trem, a que me fez aprender a cortar lenha de machado, depois a que me ensinou a cuidar do dinheiro alheio, como responsável pela contabilidade de uma casa de Jogo de Bicho, no tempo em que, a prática era, somente, uma contravenção.
Fui aprendiz de relojeiro e aos 16 para 17 anos, em encontrei no alto cargo de Continuo Interno Contratado do Banco da Província de onde sai aos 23 como contador auxiliar. Em Porto Alegre tive a escola do Banco da Amazônia onde fiquei 24 anos e, posteriormente, cursei através de concurso público, a escola da CRT e de sua derivações -Telefonica- Brasiltelecom e me desliguei do Grupo em 2008, cumprindo com meus deveres junto a VANT TELECOMUNICAÇÕES S.A.
Mas falei das escolas como um gancho literário que me permitisse falar dos Mestres que me ensinaram a ciência da dedicação, do respeito, do cumprimento do dever, da pontualidade, do zelo pelos bens alheios mas, principalmente, me ensinaram a arte e a ciência do trabalho em equipe e do tratamento que se deve dispensar as pessoas que participam do nosso grupo de trabalho, de nossas relações de nossas amizades ou de nossos encontros casuais pelo caminho da vida.
Estes mestres me acompanharam dos treze aos sessenta e um anos período em que trabalhei de maneira informal e de carteira assinada. Foram muitos. Citá-los poderia levar-me ao descuido de omitir algum e cometer injustiça... Os ensinamentos foram muitos e variados e cada Mestre os ministravam de maneira singular e especial.
A maneira de cada um. Dentre estes múltiplos ensinamentos um foi comum a todos: O Cuidado extremo que o aprendiz tem que ter com a as Palavras. As palavras diziam, eles, podem construir a paz ou a guerra. Podem elevar um ser humano ao ápice da felicidade ou a mais cruel e duradoura espécie de sofrimento, tristeza e dor. Tive um, nos últimos anos que me dizia: Seu Machado nós somos senhores de nossos silêncios e escravos de nossas palavras... Me lembro destes mestres, nesta manhã de sexta-feira e vejo que alguns não sabiam nem escrever e outros possuíam títulos acadêmicos de grande relevância.
Todos tinham em comum uma certa conduta humana de respeito às pessoas, de valorização do ser humano em toda as suas expressões de grandeza ou de humildade. Me lembro deles, nesta Sexta Feira em que constato que estamos em um momento de supremacia da Palavra seja ela para construir ou para destruir as pessoas. Estamos em uma faze de tal maneira liberta de comunicação que não nos permite cultivar o Silencio que nos tornaria senhores e nos remete para a palavra fácil, inconsequente, leviana, fútil e maldosa que nos torna escravos.... Obrigado meus mestres que na escola do trabalho me ensinaram a cultivar silêncios....
Bom fim de Semana, meus amigos.
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