Domício Brasiliense
19/09/2013 | Não Nos Vemos, Mas Precisamos Sonhar
A verdade, é que não nos vemos. O que percebemos em relação a nossa imagem é um reflexo, mas não o que somos. Tudo o que criamos ao longo de nossas vidas como forma física, não reflete o que realmente somos, mas somente uma imagem refletida através do que está além de nós, seja através do espelho, seja pelo o que falam sobre nós.
Tudo o que sabemos sobre o homem, desde o seu primórdio, está ligado à sobrevivência, adaptação, satisfação de necessidades e formas de ser feliz. E, se analisarmos, parece que ainda não mudou muito esta forma de estar na e com a vida. Este tem sido o nosso universo: reflexo das nossas percepções. Contudo, parece que, assim como Narciso, nos perdemos na imagem refletida, depositando nela a nossa expectativa de felicidade. Assim, nos afundamos na ilusão da imagem, esquecendo-nos dos nossos reais propósitos de vida.
Não é natural do ser humano lidar somente com desafios, problemas e frustrações. Precisamos nos sentir como entes de realizações, seja através do que nos tornamos ou na forma como somos reconhecidos pelo outro. Mas, o certo é que precisamos sonhar. Sem o sonho não há pulsão de vida, isto é, tudo o que a vida possa vir a nos brindar como significações de amor. Mas, parece que na dúvida nos perdemos e, por não sabermos fazer a fiel leitura dos nossos sonhos, nos afogamos na imagem refletida.
O ato de sonhar enquanto dormimos representa dar folga à nossa racionalização, ao nosso consciente. Através do sonho, podemos expressar a repercussão das nossas últimas experiências enquanto acordados ou os nossos reais anseios em relação à vida, expressos de forma simbólica, por mais confusos ou desconexos que possam ser. Contudo, nossos sonhos sempre são mensagens do nosso ser interior, a que chamamos de verdadeiro eu.
Nosso dilema tem se configurado entre imitar Narciso, inflando um falso ego, ou acreditar em algo tão sutil como nossos sonhos. Precisamos compreender o que são os nossos sonhos, racionalizados, de vida e o que representa o onírico, mas tentando compreender o significado de cada um deles e como podem tornar-se viáveis para a nossa realização nesta vida. É isto que precisamos nos perguntar: a forma como temos vivido nossas vidas tem sido realizadora? Mais ainda: que sonho nós temos seguido? Porque há a possibilidade de um tipo de sonho dizer para ficarmos e outro nos instigar a simplesmente irmos, de forma solta, viver a vida.
Parece que toda nossa forma de racionalizar a vida está em como nos protegermos da dor. Sem dúvida, ser romântico é também sofrer, contudo é o que tem as maiores lembranças. Então, o que vamos sonhar?
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