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Domício Brasiliense

            Quero atualizar o “Face da Vida”, dizendo que tenho tristezas, desamores, temores... Medo! Sim, Sou cheio de questionamentos e hoje não tenho frases e fotos bonitas para postar...

            Muitas vezes esta é uma face da vida que não costuma aparecer nas nossas postagens virtuais, como se as nossas mazelas precisassem ficar ocultas, longe da linha do tempo. Então, nos viciamos em partilhar expressões de felicidade como se esta só pudesse tornar-se plena se propagada virtualmente. Facebook: este termo é composto por face (que significa cara em português) e book (que significa livro), o que indica que a tradução literal pode ser "livro de caras". Sendo assim, que cara estamos mostrando?

            A cara que mostramos para os nossos amigos virtuais, não nos prejudica tanto quanto o que este “livro de caras” possa estar fazendo com o nosso inconsciente. Se, de forma consciente optamos por alimentar uma imagem que não condiz com o que realmente somos, com o tempo passamos a internalizá-las como uma verdade. Por conseguinte, passamos a viver nossos dias a partir desse perfil que criamos para nós mesmos, com a anuência dos nossos amigos. Todo esse processo, nada mais é do que a nossa dificuldade de lidar com os nossos problemas e os desafios da vida. A comprovação disto se dá toda a vez em que deixamos de viver um momento, de forma plena, para fotografar e partilhar nas redes sociais.

            Talvez estejamos precisando nos desajustar um pouco em relação a essa autoimagem equivocada que criamos para nós mesmos, nos propondo a uma escuta interior que revele as nossas reais vontades e formas de sentir a vida. As redes sociais facilitam muitas coisas e aproximam pessoas, mas não podemos fazer delas um plano de fuga para o que realmente desejamos. Tudo o que precisamos é que alguém realmente olhe para nós, reconhecendo-nos por aquilo que somos hoje, nos aceitando e acolhendo. Mas, e nós, estamos fazendo isto com as pessoas a nossa volta?

            A vida que almejamos precisa ser estimulada por cada um de nós, numa postura desprendida desse estado egoico em que nos aprisionamos e nessa falsa imagem que criamos. Vamos atualizar o nosso “livro”, mostrando a nós mesmos a nossa “cara”?