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Domício Brasiliense

            Cada um de nós guarda um medo, um receio; no mínimo um instinto de preservar a sua própria existência e o que entende como sendo a sua realidade. Mas, bem no fundo, estamos constantemente com medo de que algo aconteça e faça mudar a nossa compreensão do que seja vida.

            Mas, justamente os problemas é que nos fazem sentir vivos porque precisamos lutar para superar os nossos limites, muitos deles que nem sabíamos que existiam. Ademais, justamente nessas horas é que aprendemos mais sobre o amor, através das pessoas que nos acompanham. Então, descobrimos que um mal, algumas vezes, pode trazer algo de bem; um sentimento novo de amor.

            Por isto, na ausência de amor e de coisas boas, caímos. Num poço de desânimos, tristezas e diferentes solidões experienciamos o vazio, nascido na falta de rumo em direção a verdade de cada um de nós. Longe de nós mesmos, acreditamos ser a vida uma penosa estrada, repleta de lutas diárias. Então, sem querer, trocamos o medo de arriscar pela conveniência da rotina comum, cheia de medos domados pela falta de esperança noutro tipo de vida.

            Onde se encontra a raiva, a ira, o amor e a paixão? Ou melhor, onde se encontram todas as nossas emoções? Nas desconexões e conexões que fazemos, isto é, nas sínteses e rupturas que compõem a vida. Então, nessa estrada cheia de desafios, quem já não desejou morrer? Todos nós, de uma ou outra forma, mas sem chegarmos a concretizar, o que denota o quanto o nosso aspecto saudável predominou o poço da depressão. Contudo, declaramos que nos sentimos, algumas vezes, muito amedrontados, mas nos escondemos nas fantasias que construímos no nosso dia a dia, fingindo isto ou aquilo, entrando num torpor de falsa felicidade.

            E, assim vamos levando, testando a nossa tolerância de infelicidade desde que acordamos até dormirmos, para acordar no dia seguinte vivendo um sonho não vivido durante a noite. O chefe disso tudo? O medo.