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Domício Brasiliense

            Está bem visível a inquietude em que nos encontramos e o quanto andamos distraídos de nós mesmos. O cansaço, o estresse, as frustrações, a angústia, as tristezas e até mesmo a depressão são a denúncia do nosso estado psicológico atual: estamos doentes!

            Estamos cuidando, com muito esforço, da nossa maior armadilha: o Ego. Nele depositamos a nossa imagem que acreditamos precisar preservar, tanto em casa, como no trabalho e na sociedade. Acostumamo-nos tanto a esta regra que já nos esquecemos do que realmente necessitamos e de quem almejamos ser. Neste engodo, passamos a viver na ilusão das coisas efêmeras e com prazeres momentâneos.

            Levamos nossas vidas a partir da falta de visão em relação a um amor saudável, uma família harmoniosa, uma sociedade mais justa, etc. Entretanto, justamente no desafio é que precisamos mostrar o nosso melhor esforço: acreditar. Precisamos contrapor este nosso modo de viver, abrindo mão da distração de nós mesmos em que nos encontramos. Comprovadamente, a tecnologia não tem nos conduzido para a felicidade, caso contrário o número de amigos virtuais, o último modelo de smartphone e a quantidade de conversas através desses aparelhos já teriam solucionado nossas angústias. A tecnologia é necessária e precisamos dela para nos comunicar e aproximar, mas esperar que ela seja o caminho para as coisas que precisamos vivenciar é um grande equívoco.

            Estamos precisando viver! Carecemos de estar, realmente, com as pessoas, tipo olho no olho. É isto que está nos faltando: contato. O vazio é a carência por um olhar, uma acolhida, um afago e um abraço que esperamos acontecer, mas que também precisa ser exercido por nós. Prestar atenção nesse vazio é dar proximidade à superação desse estado doentio em que nos encontramos. Ser saudável é conseguirmos transpor esse Ego que tem vivido na ilusão em prol de um Eu mais livre e propenso à paz. 

            Chega de estarmos cansados e desanimados, nos contentando com pequenas escapulidas da rotina que não suportamos mais. Precisamos acreditar na nossa criatividade em fazer do que temos em nossas vidas uma construção para algo melhor. O conformismo não é natural, ao contrário, adoece a nossa psiquê e o nosso físico, esmorecendo todos os atributos que existem em nós. É urgente que acreditemos numa vida melhor e a decisão de retomar quem realmente somos tem que ser uma atitude individual, isto é, não podemos ficar esperando que alguém o faça por nós.

            Algumas experiências podem ser feitas, tais como: desligar a TV nas horas de convívio familiar, guardar o celular quando estiver reunido com amigos, evitar interferências externas quando em momentos íntimos, tentar sossegar a mente das coisas do dia a dia que possuem seu próprio tempo. E, mais que tudo: viver o momento presente, estando realmente nele, dando o seu máximo e usufruindo da forma mais plena possível. Quem sabe, desta forma o Ego passa a entender o seu devido lugar?